Lisboa, 09 out (Lusa) – O Jornal de Letras vai ter seis edições especiais em alemão para serem distribuídas nas feiras do livro de Frankfurt e de Leipzig, na Alemanha, até 2021, a primeira das quais será apresentada na próxima quinta-feira.
O lançamento do Jornal de Letras (JL) em alemão, inteiramente dedicado à literatura em língua portuguesa, é um projeto desenvolvido em parceira com a Embaixada de Portugal na Alemanha e com o Instituto Camões Berlim, e nasceu de um convite feito pela Feira do Livro de Leipzig para Portugal ser o país convidado em 2021, contou à Lusa Luís Ricardo Duarte, do JL.
Esta iniciativa surge também na sequência do trabalho que a Embaixada de Portugal na Alemanha tem vindo a desenvolver, no sentido de promover a literatura portuguesa naquele país, desde 2016, com residências, sessões de leitura e convites a autores.
Estas seis edições especiais do jornal são pensadas para o público alemão e é um trabalho a ser desenvolvido até 2021: uma edição para cada uma das feiras, durante três anos.
A primeira edição alemã será apresentada na quinta-feira, na Feira do Livro de Frankfurt, que decorre esta semana, de quarta-feira, dia 10, a domingo, dia 14 de outubro. Esta edição tem a data de 08 outubro, dia em que se comemoraram os 20 anos do anúncio da atribuição do Prémio Nobel a José Saramago, ficando disponível uma versão em português, para consulta ‘online’, no site do JL.
As temáticas centram-se no panorama geral da literatura portuguesa, e em autores de língua portuguesa que têm suscitado interesse ao leitor alemão, o que, neste momento, segundo Luís Ricardo Duarte, se verifica sobretudo com autores africanos, como o moçambicano Mia Couto ou os angolanos José Eduardo Agualusa e Kalaf Epalanga.
“Interessa-lhes a perspetiva da guerra, pelo lado não dos opressores, mas dos oprimidos”, explicou à Lusa, acrescentando que a “visão pós-colonial” da guerra “tem sido muito enfatizada na Alemanha”.
Outros temas de destaque são os autores que começam a entrar no mercado editorial e sugestões de outros autores de destaque em Portugal.
O jornalista adiantou que, neste número, “têm preponderância o panorama geral e o estado da situação, com os autores que estão a ser publicados”.
“Há uma síntese de autores conhecidos com tradução em curso, como é o caso da Isabela Figueiredo – aqui também a perspetiva da guerra -, Patrícia Portela, Rui Cardoso Martins, que teve uma residência em Berlim, e Kalaf”, bem como “uma antologia de nove poetas que estiveram na Alemanha nos últimos dois anos”.
O JL pretende que as suas próximas edições em alemão deem mais destaque à parte “descobrir novos autores”.
A maior parte dos textos para estes números são escritos de raiz, pensados para o leitor médio, mas também com formação universitária, e outros são do arquivo do JL.
Serão publicadas três autobiografias de escritores que ganharam o Prémio Camões: Mia Couto (2013), Hélia Correia (2015) e Germano Almeida (2018).
Alguns artigos também são feitos por escritores que apresentam aspetos que os singularizam, como é o caso de Alexandra Lucas Coelho, Ana Margarida Carvalho e Rui Cardoso Martins: três escritores que foram prémios APE, que começaram por ser jornalistas e passaram para a ficção.
Neste número escrevem sobre a relação entre o jornalismo e a literatura.
Esta edição conta com textos de dois editores e dois tradutores alemães sobre as literaturas de língua portuguesa.
Haverá igualmente um texto de Miguel Real sobre o romance português, e outro de António Carlos Cortez sobre a poesia portuguesa, bem como crónicas de e sobre vários autores que têm vindo a integrar programas literários na Alemanha ou que assumem um papel central no panorama de edições em alemão de autores de língua portuguesa.
Este número, de 24 páginas, que terá cinco mil exemplares, inclui ainda um texto de Carlos Reis sobre José Saramago e outro de Norberto do Vale Cardoso sobre António Lobo Antunes.
Para José Carlos de Vasconcelos, diretor do JL, é “uma satisfação e uma honra” publicar esta edição em alemão, “na fidelidade aos seus [do JL] objetivos de sempre, em particular o de contribuir para a valorização e a difusão da literatura e da cultura portuguesas, bem assim da nossa língua, hoje língua comum de oito países, e de mais de 260 milhões de pessoas, em todos os continentes”.
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