Luanda, 25 mar (Lusa) – O cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais de agosto em Angola, João Lourenço, lamentou hoje a existência de “pobreza extrema” no país, que relacionou com o conflito armado terminado em 2002, prometendo combater essa realidade.
O candidato do partido no poder à sucessão de José Eduardo dos Santos na Presidência da República discursava em Viana, arredores de Luanda, perante, segundo a organização, 200.000 apoiantes mobilizados pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em toda a província, tendo assumido a “prioridade do combate à pobreza”, caso seja eleito.
“Temos a tarefa de tirar o maior número possível de cidadãos da pobreza”, apontou o general e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, apelando ao envolvimento também das instituições privadas, além das organizações não-governamentais e das igrejas.
“Todos os países têm ricos e pobres, Angola não é uma exceção. Mas, o ideal nessa divisão da sociedade é haver equilíbrio, e quando me refiro a equilíbrio quero dizer alargar substancialmente o número de cidadãos que saem das condições de extrema pobreza, que saem da condição de pobres, e que passam a integrar uma classe média”, defendeu.
João Lourenço admitiu o objetivo de elevar a classe média a representar 60% da população angolana, de 25 milhões de pessoas, embora sem adiantar propostas concretas nesta intervenção.
“Uma das nossas preocupações, depois de agosto [eleições gerais], será precisamente, não digo criar, mas procurar ampliar ao máximo essa classe média angolana, à custa da redução dos pobres (…) Fazer com que a classe média seja superior à soma dos pobres e dos ricos”, acrescentou.
Angola é o maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris por dia e para o candidato e atual ministro da Defesa, o período de guerra civil “aprofundou a pobreza que já existia no país”.
“Angola ficou mais pobre, as pessoas ficaram mais pobres, o país ficou mais pobre em infraestruturas”, disse.
Num discurso de 40 minutos, perante um sol abrasador que se fez sentir durante toda a manhã, João Lourenço prometeu, caso seja eleito, uma maior aposta na organização da economia e no apoio ao investimento privado, chamando as empresas a “cumprirem com o seu papel social”.
Além disso, o candidato do MPLA promete colocar a diplomacia angolana ao “serviço” da economia, na captação de investimento privado externo, mas apostando sobretudo nas relações comerciais com os países africanos.
“Mas, sem prejuízo das grandes empresas, queremos privilegiar o surgimento das micros, pequenas ou médias empresas”, disse ainda João Lourenço.