Investigadores em Budapeste para debater estudos sobre África lusófona

Organizado pela Faculdade de Letras da Universidade ELTE, de Budapeste, e pela Associação Internacional dos Lusitanistas (AIL), o colóquio “África XXI: literatura, cultura, sociedade nos países africanos de língua portuguesa” realizA-se na segunda e terça-feiras.

Em declarações à Lusa, Raquel Bello, professora de Estudos Portugueses na Universidade de Santiago de Compostela e coordenadora científica do colóquio, explicou que “o objetivo principal é reunir especialistas nos estudos sobre a África lusófona, entendidos de uma forma alargada, não apenas estudos literários ou linguísticos, mas uma perspetiva histórica, sociológica, antropológica”.

Depois do “sucesso” do primeiro colóquio de Budapeste, no ano passado, do qual resultou uma discussão “muito frutífera”, este ano os especialistas vão debater “novas linhas de pesquisa que estejam abrindo ou em que estejam a começar a trabalhar” sobre a África lusófona, sem partirem de “posições muito fixadas”, explicou a também editora da revista Veredas, da AIL.

A discussão contará com investigadores dE universidades de Portugal, Espanha, França, Holanda, Itália, Moçambique, Cabo Verde, Brasil, Angola. Os embaixadores de Portugal e Angola em Budapeste, Jorge Mendes e Lizeth Pena, respetivamente, participarão na sessão de abertura, mas a presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, que chegou a ser anunciada como oradora, estará ausente.

“A nosso ver, a África que fala português ainda não está no foco do interesse dos estudiosos na forma e na quantidade que devia”, considera Pál Ferenc, vice-reitor para as Relações Internacionais.

Após os “anos áureos das literaturas africanas, no final da década de 1970”, houve um período de esquecimento e “só agora estão a recomeçar os devidos estudos”, frisou o professor, em resposta enviada à Lusa por correio eletrónico.

A ideia da AIL é, por isso, abrir um fórum de debate para “os assuntos menos debatidos, habitualmente, nos estudos portugueses”, resume Raquel Bello, sublinhando que existem “grandes nomes dos estudos académicos que se devotam ao assunto”, mas, se comparados “com os nomes clássicos da literatura portuguesa ou da literatura brasileira, claramente há menos”.

O colóquio pretende “incentivar” esses estudos, corrobora Pál Ferenc, recordando que o Departamento de Português da Hungria, um dos maiores da Europa Central, introduziu a literatura africana entre as primeiras disciplinas.

SBR – Lusa/fim

Foto: Vista para o Rio Danúbio, Budapeste, Hungria, 01 de Outubro de 1989. ALBERTO FRIAS/LUSA

Subscreva as nossas informações
Scroll to Top