O Presidente do OLP diz que a introdução do português na ONU depende de investimento

Lisboa, 20 nov (Lusa) – O presidente do conselho diretivo do Observatório da Língua Portuguesa (OLP), Lauro Moreira, considerou que a introdução do português como língua oficial nos organismos internacionais como a ONU depende do investimento financeiro dos países lusófonos.

“Passos como estes que foram dados na cimeira (da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa/CPLP) de Brasília e a oportunidade de contar com uma pessoa de língua portuguesa do nível de António Guterres, penso que isso é um facilitador, vai ajudar muito” na introdução do português como língua oficial nos organismos internacionais, nomeadamente a ONU, afirmou à agência Lusa o diplomata brasileiro.

O também antigo embaixador da Missão do Brasil junto da CPLP (2006-2010) considerou que “vai depender, de facto, da real disposição dos países lusófonos de realizar as despesas necessárias para que isso também aconteça”.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, também anunciou na XI Cimeira da CPLP, a 01 de novembro, em Brasília, que foi aprovada uma proposta para que o português seja uma língua oficial nas Nações Unidas.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que a proposta não constou da declaração final desta cimeira, mas foi aprovada por aclamação, e adiantou que foi feita pelo Presidente do Brasil, Michel Temer.

António Guterres afirmou, durante a cimeira da CPLP em Brasília, que gostaria de ver o português tornar-se uma das línguas oficiais desta organização, mas referiu que essas decisões competem à Assembleia-Geral da ONU.

Questionado sobre que papel terá a língua portuguesa quando for secretário-geral da ONU, António Guterres respondeu: “Eu suponho que essa não é uma questão do secretário-geral, é uma questão da CPLP, dos países de língua portuguesa. Sei que existe essa aspiração, e essa é uma aspiração muito importante”.

“Naturalmente que eu próprio gostaria muito de ver isso concretizar-se, mas essas são decisões da Assembleia-Geral das Nações Unidas. E uma vez mais digo: ainda não sou secretário-geral das Nações Unidas”, acrescentou.

Atualmente, a ONU tem seis línguas oficiais: o castelhano, o inglês, o mandarim, o russo, o francês e o árabe.

“Se dependesse apenas da boa vontade de todo o mundo, o português já estava lá (na ONU). Mas depende mais do que da boa vontade, exige-se dinheiro para se fazer isso, exige-se não apenas uma pré-disposição dos países mas também investimento. Por isso, acredito que temos que pensar mais no assunto”, afirmou Lauro Moreira.

No entanto, alertou, “isso custa muito dinheiro. É preciso saber se os países da CPLP estão dispostos a suportar estas despesas”, não só para introduzir o idioma nas Nações Unidas, mas nos demais fóruns internacionais, acrescentou.

Para o diplomata brasileiro, “é fundamental que se trate a língua como algo mais abrangente”.

“Acredito muito que a língua deve ser levada através da cultura, pois chega mais depressa” e “desperta o interesse dos outros povos”, referiu, de acordo com a sua experiência como embaixador.

A cultura desperta, automaticamente, também o interesse pela língua portuguesa, por isso, deve-se ir além do ensino do português, defendeu.

“Os nossos países de língua portuguesa, onde há embaixadas, devem somar esforços e não separar-se, como havia uma certa tendência antes, para projetar uma imagem lusófona, porque há uma convergência enorme entre os nossos países”, indicou.

Lauro Moreira considerou ainda que tanto a CPLP como o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) “são aquilo que os seus países-membros querem que sejam”, apontando neste sentido os escassos recursos destinados ao instituto.

CSR // VM – Lusa/Fim
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