Internacionalização da língua portuguesa deve ser objetivo comum da CPLP

“Podemos e devemos canalizar esta nossa ‘marca’ para potencializar a cooperação interna, externa e multilateral, prestando apoio em ações de solidariedade, prevenindo situações de crise político-militar, promovendo a paz e estabilidade”, disse Rui Maria de Araújo.

Ao mesmo tempo, enfatizou, deve saber aproveitar o potencial da Confederação Empresarial da CPLP – e do Fórum Económico Global marcado para Díli em outubro – para “dinamizar a cooperação empresarial” nos quatro continentes, dando força ao setor privado.

“Temos de alavancar o desenvolvimento económico e o espírito empreendedor, apostando nas parcerias de cooperação bilateral, multilateral e empresarial que trazem nova dinâmica económica”, afirmou.

Rui Maria de Araújo falava em Díli na sessão de abertura da XX reunião do Conselho de Ministros da organização lusófona, em que estão presentes os chefes da diplomacia (ou seus representantes) dos nove Estados-membros da organização.

O debate do encontro de Díli centra-se na “Nova Visão Estratégica da CPLP”, tema que deverá ser ‘vertido’ num documento de trabalho a debater na cimeira de chefes de Estado e de Governo que marca, em 2016, o arranque da presidência brasileira da organização.

Rui Araújo defendeu que a nova visão estratégia da CPLP deve reconhecer o passado da comunidade lusófona mas sabendo aproveitá-lo para construir “um novo futuro”.

“A CPLP é a melhor plataforma que nós, países falantes da língua portuguesa, temos para nos posicionar nos fora internacionais, como a ONU e as suas agências e nos regionais, como a SADC, CEDEAO, MERCOSUL, UE e ASEAN”, disse.

“É a oportunidade que os nossos países têm para fazer parte do caminho que nos permite alcançar o desenvolvimento, numa altura em que mundo atravessa uma grave crise financeira”, considerou.

O primeiro-ministro timorense defendeu empenho comum no combate à fome, da defesa das costas e preservação dos recursos marítimos e na promoção do turismo, capitalizando ainda no facto de, em conjunto, a CPLP ser o 7º maior produtor de petróleo e gás a nível mundial.

Motivo pelo qual, recordou, Timor-Leste propôs na recente reunião dos ministros da Energia da CPLP a criação de um consórcio de empresas de hidrocarbonetos dos Estados-membros, “para certificar que riqueza dos recursos naturais se traduz em benefício em prol dos países”.

O chefe do Governo timorense disse que a nova estratégia deve consolidar o projeto da CPLP como um tudo e “ir além dos interesses de cada Estado-membro” para que a organização ganhe espaço ao nível mundial.

“Uma agenda comum, em que todos tenham interesse”, e que permitirá desenvolver áreas estratégicas.

Em particular, e no caso de Timor-Leste, pode e dever aproveitar a sua posição “geoestratégica” para procurar sinergias e parcerias no continente asiático, capitalizando ao mesmo tempo nas experiências dos vários estados-membros da CPLP.

“Nós, CPLP, devemos afirmar-nos perante este mundo cada vez mais aberto, em vez de nos pormos e bicos de pés. Não podemos continuar dentro da nossa redoma sob pena de não aproveitarmos esta conjuntura internacional e perdermos oportunidades que realmente nos beneficiem”, afirmou.

“É crucial tirar vantagens dos interesses em comum, desenvolver a concertação político-diplomática para privilegiar o fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais entre os Estados”, considerou.

Recordando o passado e a importância dos “princípios, laços e valores” que unem os Estados-membros da CPLP, Rui Araújo relembrou que este ano se cumprem 500 anos do primeiro contacto de Portugueses com Timor, momento “determinante e decisivo” para a “identidade e autodeterminação” timorenses.

“A nossa luta pela independência foi também a luta de todos os países da CPLP. Sabemos bem que a CPLP é uma comunidade de causas e que esta nossa causa foi abraçada sem reserva pelos Estados e pelos povos da CPLP a quem hoje chamamos irmãos”, disse.

ASP // FV. – Lusa/Fim

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