Praia, 16 mar 2023 (Lusa) – O novo diretor do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), João Laurentino Neves, prometeu hoje criar projetos que mobilizem os Estados-membros da comunidade lusófona para uma “participação mais forte e mais ativa” na promoção do português.
“Espero que seja uma garantia, de que nos próximos dois anos possamos ser capazes de mobilizar os Estados-membros, as respetivas comissões nacionais, para uma participação mais forte e mais efetiva no IILP”, pediu o português, após um encontro na cidade da Praia com o presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Austelino Correia.
Para o novo diretor, empossado em janeiro, sucedendo ao guineense Incanha Intumbo, isso só será possível se o IILP for capaz de apresentar à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) os desafios e projetos que os envolva e os mobilize.
“Assim como conto que as comissões nacionais dos países e que, dentro desses países, entidades como os parlamentos possam envolver-se numa agenda comum com o IILP para promoção do interesse comum na utilização da língua portuguesa, também espero que nós, no IILP, sejamos capazes de, neste mandato, encontrar ideias, projetos que mobilizem os países e introduzam valor nas grandes questões que a língua portuguesa tem no seu desafio internacional”, sustentou.
Notando que a “competição” em matéria de línguas é grande atualmente, João Laurentino Neves salientou, igualmente, que a língua portuguesa é reconhecida internacionalmente como estratégica, decorrendo do poder que cada um dos países lusófonos tem do ponto de vista regional, mas também internacional.
“A CPLP é uma organização fortíssima, ímpar, não há nenhuma parecida e, portanto, a língua portuguesa, como língua de comunicação internacional, tem um caminho a fazer, temos também trabalho para que ela possa ter uma presença cada vez mais ativa na ciência, na internet, na comunicação internacional, na aprendizagem e introdução em universidades estrangeiras, nas rotas de comércio, nas rotas da diplomacia”, apontou.
Os anteriores diretores do IILP têm reclamado da falta de recursos suficientes para pôr em prática as atividades, com Laurentino Neves a insistir na necessidade de a instituição ter ideias, projetos e fazer o levantamento das necessidades. “Mas temos aqui que ser razoáveis”, pediu, dizendo que as ideias têm de ser “realistas”.
“Temos que partir para projetos que nós saibamos que, tendo o seu grau de desafio, mais elevado nuns casos, menos noutros, sejam propostas realistas e exequíveis, que é para podermos chegar ao fim e termos produtos. É importante que nós não discutamos projetos que depois chegam ao fim e não se sabe o que produzir. É importante nós termos resultados para apresentar”, referiu o diretor, esperando encontrar os recursos dentro dos países da comunidade, mas também junto de parceiros.
O responsável disse que já tem disponibilidade de Portugal e de outros países para reforçar o apoio financeiro ao IILP, instituição com sede na cidade da Praia, onde, além das representações diplomáticas, já manteve encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, para apresentar os cumprimentos e mostrar o trabalho desde início das funções.
Para os próximos dois anos, promete definir uma agenda e um plano estratégico para o IILP, com medidas consideradas essenciais para serem levadas à prática, bem como projetos próprios, mas também que decorrem de parcerias.
No caso da Assembleia Nacional de Cabo Verde, considerado um ator importante na promoção e difusão da língua portuguesa, apontou as formações e as terminologias técnico-científica como áreas que poderão trabalhar em conjunto.
João Laurentino Neves foi empossado em 09 de janeiro, na sede da CPLP em Lisboa, como novo diretor do IILP, uma organização tutelada pela organização lusófona e que tem uma direção-executiva rotativa, cabendo a cada um dos nove Estados-membros a sua nomeação por dois anos.
Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Neves foi também diretor do IPOR – Instituto Português do Oriente e já esteve ligado ao IILP, nomeadamente entre 2003 e 2008, quando fez parte da assembleia do conselho científico do instituto.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.
RIPE (ATR) // VM – Lusa/Fim