O memorando foi assinado por Ana Paula Laborinho, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua IP (Camões IP) e Aurélio Guterres, reitor da UNTM, numa cerimónia que decorreu no final a tarde na sede da instituição, em Lisboa.
Em paralelo, Aurélio Guterres assinou quatro contratos programa com os reitores da universidade de Évora, do Minho, e os presidentes do Instituto Português de Agronomia e da Escola de Saúde da Cruz Vermelha. Devido à ausência do seu reitor, um protocolo similar com a universidade de Coimbra será firmado em breve.
Estes contratos específicos integram o programa de capacitação dos funcionários públicos e professores, definido como um eixo estratégico prioritário pelo V Governo constitucional da República Democrática de Timor Leste (RDTL).
“Agora vamos ter um Instituto que tem uma grande ambição, e saudamos a universidade por essa ambição. Não se trata apenas de uma formação interna, dirigida a todas áreas da universidade, mas há também a ambição de uma formação que possa ser estendida ao país, e ainda à própria região”, considerou em declarações à Lusa a presidente do Camões IP.
Após destacar a “importante posição geográfica de Timor Leste, que permite um relacionamento próximo com vários países desta região do sudeste da Ásia, Ana Paula Laborinho insistiu na vocação do novo instituto.
“Deverá não apenas fazer uma formação para dentro da universidade como também estender-se a todo o país e ainda dirigida à região. Sabendo que Timor está neste momento inserido num contexto internacional desejando aderir à ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático], é também da maior importância esta possibilidade de se virar para a região”.
Um projeto de cooperação e de língua, com a expectativa “de ser inaugurado em breve, o que será um grande acontecimento para nós e para Timor Leste”, e que segundo a responsável do Camões IP poderá “juntar projetos e trabalhar de forma mais concertada”.
O apoio na formação da língua portuguesa aos académicos, professores, estudantes, administração pública, e a sua divulgação “a médio e longo prazo nas áreas rurais” foi o aspeto sublinhado pelo reitor da UNTL.
“Neste momento, o processo de reintrodução da língua portuguesa em Timor Leste constituiu um desafio enorme para o país. Estamos num processo de preparação de uma geração inteira que perdeu a oportunidade de aprender a língua portuguesa, agora é a sua reintrodução”, garantiu Aurélio Guterres à Lusa. “Agora estamos a ganhar terreno e os mais jovens começam a aprender português”.
Na sua breve intervenção, o reitor timorense recordou que no seu país 40% da população tem menos de 14 anos e definiu o português como “a língua do conhecimento, da ciência e do saber”. Antes, tinha já precisado que mais de 300.000 jovens do ensino básico em Timor Leste estão a aprender português.
“A língua oficial é o tétum e o português e assim será”, garantiu, mesmo que muitos timorenses também optem pelas “línguas de trabalho, em particular o inglês e o indonésio, neste caso pela “óbvia” proximidade geográfica.
PCR // APN – Lusa/Fim
Fotos:
– Fernando António (C), rodeado de alunos, diz que só sabe ser professor e por isso anda todos os dias cerca de 10 quilómetros a pé para dar aulas na escola de Loro, a aldeia mais pobre do suco de Suai Loro, Timor-Leste, 27 de julho de 2012. ANTÓNIO AMARAL/LUSA.
– Um professor entrega um caderno a um aluno numa aula de portugues, na localidade de Lodudo. TIAGO PETINGA/LUSA