Imagens da L(USA)lândia e dos Estados Unidos nas crónicas de Eduardo Mayone Dias e de Onésimo Almeida

Shuxiang Cao

Doutoramento em Estudos Literários e Interculturais (Português)

Faculdade de Letras, Universidade de Macau 

Tese orientada pela Profª. Doutora Dora Gago e defendida no dia 11 de Junho. Será publicada em livro pela Universidade de Macau, provavelmente, até Dezembro.

Resumo:

Os discursos da diáspora portuguesa nos Estados Unidos da América têm construído um mundo literário singular onde se apresentam imagens tanto das comunidades portuguesas imigrantes como dos americanos, incluindo muitas crónicas escritas por escritores luso-americanos. Porém, evidencia-se uma escassez de estudos críticos e materiais teóricos sobre o género de crónica (Fagundes, 2000, p. 510) e uma lacuna dos estudos imagológicos destas crónicas. Este trabalho, alicerçado no cruzamento entre a imagologia e outras teorias, visa colmatar essa lacuna, analisando a construção de imagens das comunidades portuguesas e dos americanos nas crónicas de dois escritores luso-americanos – Eduardo Mayone Dias e Onésimo Almeida. 

Neste processo da análise, indagam-se principalmente a origem, a causa de formulação, a influência das construções de imagens para eliminar certos estereótipos nacionais tanto dos americanos como das comunidades portuguesas que vivem nos EUA e melhorar o entendimento mútuo. Além disso, reavalia-se a importância e a função do género crónica como um espaço moderno de expressão literária. Adoptando-se as metodologias imagológicas (Pageaux, 1981, 1989, 1992, 1994; Moura, 1992, 1998; Leerssen, 1991, 2007, 2016), é preciso investigar, além das palavras, relações hierarquizadas, temas dos textos seleccionados, as ligações intertextuais e contextuais, o pano de fundo histórico e cultural de Portugal e dos EUA na segunda metade do século XX. 

Por um lado, as teorias críticas sobre a construção do espaço quotidiano de Henri Lefebvre (1991a, 1991b) e Michel de Certeau (1997, 1998, 2002) servem para justificar a relevância da crónica como espaço textual privilegiado de representação e registo do quotidiano.  Por outro lado, as análises utilizam os contributos teóricos de Avtar Brah (2005) e Stuart Hall (1990, 1997, 2003, 2006, 2014) para reflectir, numa perspectiva interdisciplinar sobre a construção de identidade no contexto de diáspora. Baseada nas análises já feitas, pode-se chegar à conclusão de que, de acordo com o modo de apresentar as imagens, os dois escritores mostram a atitude filia (Pageaux, 1994) perante os confrontos culturais, evidenciando uma consideração positiva sobre a realidade cultural do estrangeiro. Também se prova que a construção da identidade cultural é um processo dinâmico durante os processos de aculturação e transculturação. A tese melhora o entendimento da construção identitária no contexto da diáspora portuguesa contemporânea, da construção literária de imagens baseada no imaginário social, cultural e político e do género literário “crónica”.

Da esquerda para a direita, encontram-se os Professores: Manuela Carvalho (arguente interna), Ana Nunes (arguente interna), no écran, José Cândido Oliveira Martins (Universidade Católica Portuguesa, arguente externo), a candidata, Shuxiang Cao, Dora Gago (orientadora), Rui Martins (Presidente).

 

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