Praia, 04 jan (Lusa) – O centenário do nascimento da compositora e pianista cabo-verdiana Tututa Évora, autora de algumas das mais importantes composições em Cabo Verde, vai ser assinalado com várias atividades culturais e a inauguração de um busto na ilha do Sal.
Epifania de Freitas Silva Ramos Évora, tratada carinhosamente em Cabo Verde por “Dona Tututa”, nasceu a 06 de janeiro de 1919, no Mindelo (ilha de São Vicente), cidade onde despontou como grande pianista e foi igualmente professora de piano.
Foi autora de temas como “Grito de Dor”, “Sentimento”, “Mãe Tigre” ou “Vida Torturod”.
A Câmara Municipal do Sal, ilha onde a pianista viveu e morreu, a 26 de janeiro de 2014, anunciou hoje, em conferência de imprensa, as atividades de celebração do centenário da patrona da Escola Municipal de Artes – Tututa Évora.
Segundo o presidente da Câmara Municipal do Sal, Júlio Lopes, que neste encontro com a imprensa fez-se acompanhar dos filhos da artista, Magda Évora e Reinaldo Évora, do programa comemorativo consta a publicação de partituras e dos temas de algumas das obras da pianista.
Citado pela agência de notícias cabo-verdiana Inforpress, o edil revelou ainda que irá ser erigido um busto da pianista no largo da Escola de Música, da qual é patrona.
A renovação da campa e uma exposição de fotografias da “Dona Tututa”, concertos, um espetáculo de tributo que terá lugar no Cine Asa, com a participação de músicos e pianistas como Chico Serra, Vasco Martins, entre outros, constam igualmente do programa das celebrações.
Mãe de 14 filhos, Tututa Évora ficou conhecida pela melancolia das suas letras e elogiada pelo “swing da mão esquerda” que fez escola na interpretação ao piano na música popular de Cabo Verde.
A “virtuosa e original” pianista foi dada a conhecer ao mundo através de um retrato fílmico sobre a sua vida, do realizador português João Alves da Veiga, descendente de cabo-verdianos.
Reconhecida como “figura lendária” em Cabo Verde, mas praticamente desconhecida fora dele, “Dona Tututa” foi homenageada ainda em vida, ao ver o seu nome atribuído à Escola Municipal de Artes do Sal.
“Quando estou agarrada ao piano parece que estou no céu, lugar onde nunca estive”, afirmou, entre risos.
Aquando da sua morte, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, referiu-se a “Dona Tututa” como “um retrato singelo de uma vida longa e preciosa, caldeada de melodias, de músicas, através das quais venceu preconceitos, superou barreiras edificadas pelos tempos. Teve um percurso singular, de alguém que marcou a sua época, cuja vivência simboliza naturalmente a cabo-verdianidade”.