‘Honoris causa’ de Marcelo terá pioneiro da língua portuguesa na plateia

Lisboa, 12 abr (Lusa) – Quando Marcelo Rebelo de Sousa receber hoje o doutoramento ‘honoris causa’ na Universidade de Dacar terá na plateia um dos três primeiros alunos de português do Senegal, um país não lusófono onde a língua portuguesa é um caso sério de sucesso.

Ahmed Kébé é professor universitário na Universidade Cheikh Antha Diop em Dacar, capital do Senegal, e um dos três que ensinam português no curso de Estudos Portugueses, que hoje tem mais de dois mil inscritos, mas que em outubro de 1972, ano em que abriu, registava apenas três inscrições, entre as quais a sua.

“Eu faço parte da primeira geração de estudantes e também de professores de português. Faço parte dos primeiros três estudantes de português quando abriu a secção em outubro de 1972. Nós éramos três do primeiro ano ao terceiro ano”, contou à Lusa Ahmed Kébé.

O professor universitário é um pioneiro da língua portuguesa no Senegal a vários níveis: além de fazer parte do grupo dos três primeiros alunos universitários do curso de português na Universidade de Dacar, e de ter sido, consequentemente, um dos primeiros professores da língua formados no país, foi também um dos primeiros alunos de língua portuguesa nos liceus senegaleses e aluno do primeiro professor de português no país.

A condição de pioneiro acabou por ser um acaso.

“Quando vim para Dacar, e quando fiz o liceu devia estudar alemão, mas quando cheguei já iam na vigésima lição. Como era uma língua difícil, o diretor perguntou-me se eu não queria estudar português. E estava lá um senhor, de nome Benjamin Pinto Bull, que era o primeiro professor de português no Senegal. Estava lá, não tinha alunos. E foi assim que estudei português”, lembrou Ahmed Kébé.

De aluno de Benjamin Pinto Bull passou mais tarde a colega, na universidade, e por fim a amigo, até à morte do primeiro professor de português do Senegal, que era um dos amigos próximos do primeiro Presidente senegalês, Leopold Senghor, e pela mão do qual se introduziu o ensino da língua portuguesa no país.

Ahmed Kébé recordou como Senghor gostava de lembrar que o seu nome transportava “uma gota de sangue português” – uma ideia que eternizou no poema ‘Elegies des saudades’, publicado no livro ‘Nocturnes’.

O nome, dizia Senghor, era uma corruptela da palavra senhor.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa recebe hoje, na Universidade Cheikh Antha Diop em Dacar, um doutoramento ‘honoris causa’, numa cerimónia que integra a sua agenda oficial da visita de dois dias ao Senegal.

No curso de Estudos Portugueses da Universidade de Dacar estão matriculados mais de dois mil universitários este ano. No ensino básico e secundário há mais de 44 mil alunos senegaleses a aprender português por opção curricular.

IMA // HB

Lusa/fim

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