Conhecemos os nossos arredores, acostumamo-nos à paisagem que vemos todos os dias. E caímos no erro do moleiro que Miguel Torga escreveu num dos volumes do Diário, na entrada Leiria, 25 de Novembro de 1940, que se encerra na cegueira do quotidiano e não consegue olhar à volta e apreciar os elementos naturais e culturais que lhe compõe o dia-a-dia.
Falta-nos, muitas vezes, encontrar-lhes um “significado”, diz Ana Isabel Queiroz, a investigadora que coordena um projeto de investigação que quis criar uma espécie de atlas que nos permite calcorrear Portugal de Norte a Sul, guiados por escritores que pararam para observar a paisagem e que depois a escreveram.
Nascido para “valorizar a literatura e o território”, as palavras e as paisagens, o património natural e cultural, como “elementos-chave das identidades locais e regionais”, o Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental funciona como um repositório de excertos literários de obras do século XIX até à atualidade.
São compilados e classificados numa imensa base de dados, construída a muitas mãos, que agrega descrições de paisagens e as georreferencia de maneira a que se possa viajar pelo território e pela literatura ao mesmo tempo. Ler o artigo completo.