Lisboa, 19 mar (Lusa) – O embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa diz estar confiante que a língua portuguesa “estará presente” no país e pediu apoio às universidades lusófonas para promover o intercâmbio de jovens estudantes.
A introdução do português no ensino é uma das condições da adesão da Guiné Equatorial, único país de língua espanhola em África, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que ocorreu em 2014.
“Temos confiança e a certeza que num tempo não muito distante as pessoas vão perceber que o português está presente na Guiné Equatorial”, declarou, em entrevista à Lusa, o embaixador Tito Mba Ada.
“Mas, além dos nossos esforços, precisamos de mais ajuda”, alertou, pedindo “apoio às universidades lusófonas para que possam acolher estudantes, jovens, para realizar a sua formação universitária”.
Para o embaixador, “a juventude é a garantia da integração” e, como tal, é “muito importante que os jovens possam vir aqui e também que os jovens da comunidade possam conhecer melhor a Guiné Equatorial no quadro de integração para fazer a troca de experiências e assim ir falando o português”.
Tito Mba Ada sublinhou que “ninguém pode dominar uma língua” em pouco tempo: “Temos o nosso ritmo, estamos a assimilar e a aprender”.
“Temos um grande empenho em continuar a melhorar. Acredito que com a implementação da língua portuguesa no sistema educativo, as futuras gerações vão falar” o português, introduzido como terceira língua oficial do país, a par do espanhol e do francês.
Questionado sobre a resposta das autoridades equato-guineenses à exigência da CPLP sobre o cumprimento do roteiro de adesão – nomeadamente a abolição da pena de morte, a abertura democrática e a introdução do português – o embaixador disse ser positiva.
Sobre a ratificação, a nível nacional, dos estatutos da CPLP – que ainda não aconteceu, desde a adesão, em julho de 2014 -, Tito Mba Ada explicou que “o Governo e a Assembleia aprovaram e o Senado, atualmente em sessão, está prestes a finalizar esse procedimento”.
“A nossa integração [na comunidade] significa um regresso a casa, foi um ato voluntário do nosso país”, defendeu, salientando as “boas relações” com todos os Estados da organização.
Questionado se a Guiné Equatorial ambiciona ocupar a presidência da CPLP (rotativa, por dois anos), após o Brasil, que assumirá este cargo no verão, o embaixador apontou que o seu país é o Estado mais recente da organização e está “a assimilar rapidamente os valores”.
“Penso que uma das melhores formas de ficarmos à mesma velocidade pode ser assumir a presidência depois do Brasil. A Guiné Equatorial estará preparada para isso, caso haja consenso entre os nossos irmãos”, declarou.
Na relação com Portugal, as autoridades guineenses apontam os laços históricos: foi um português, Fernando Pó, que descobriu uma ilha naquele território, que mais tarde viria a passar, “por interesses da época”, para Espanha e que é hoje a República da Guiné Equatorial.
A capital atual, Malabo, “tem uma arquitetura quase portuguesa” e há muitos apelidos portugueses.
“A Guiné Equatorial é um filho cujo pai é Portugal e o padrasto é Espanha”, disse.
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