Guiné-Bissau: Vários partidos políticos rejeitam envio de força da CEDEAO

Bissau, 09 fev 2022 (Lusa) – Os partidos do Espaço de Concertação Democrática da Guiné-Bissau rejeitaram hoje o envio de uma força de apoio à estabilização da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e responsabilizaram as autoridades pela instabilidade no país.

A posição foi transmitida à imprensa na sede do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), pelo deputado Armando Mango, da Assembleia do Povo – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB, partido cujo líder é o chefe do Executivo), acompanhado, entre outros dirigentes partidários, de Domingos Simões Pereira, candidato presidencial derrotado pelo atual chefe de Estado.

Os partidos do Espaço de Concertação Democrática, que integra a maior parte dos deputados do Parlamento, manifestam a sua “total oposição e rejeição à vinda de qualquer força estrangeira para a Guiné-Bissau para defender um regime ditatorial”, acusando o atual regime de alegados “vínculos ao narcotráfico e crime organizado e que decidiu vender os recursos naturais da Guiné-Bissau”.

No comunicado lido à imprensa, os partidos lembram às “autoridades ilegítimas, responsáveis pela retirada da Ecomib, que o envio de forças estrangeiras para o país, mormente da CEDEAO, carece de autorização da Assembleia Nacional Popular e constitui um sinal de desrespeito e descrédito” pelas Forças Armadas guineenses.

Os partidos responsabilizam também o “atual poder inconstitucional pela deriva e a instabilidade em que o país se encontra devido aos constantes atropelos à Constituição da República e às leis, ausência de justiça, agravamento da corrupção”, greves, e a “degradação acentuada das condições de vida da população, que abrem caminho à violência na sociedade guineense”.

Os partidos exigiram também um “inquérito independente, sério, exaustivo e concludente, envolvendo representantes da sociedade civil e da comunidade internacional”, ao ataque da semana passada contra o Palácio do Governo, que provocou a morte a oito pessoas.

Os sete partidos, que integram o Espaço de Concertação, alertaram também o Presidente do Senegal, Macky Sall, para as “graves consequências que possam advir da sua persistência em prosseguir com a implementação do acordo de exploração de petróleo”, depois de o parlamento guineense o ter anulado por ser inconstitucional.

No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a “gente relacionada com o tráfico de droga”.

O porta-voz do Governo adiantou no sábado, em conferência de imprensa, que o ataque foi feito por militares, paramilitares e que estarão envolvidos elementos dos rebeldes de Casamansa, bem como “personalidades”.

O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.

Na sequência dos acontecimentos, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou o envio de uma força de apoio à estabilização do país.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

O Espaço de Concertação Democrática inclui o PAIGC, deputados da APU-PDGB, a União para a Mudança, o Partido da Convergência Democrática, o Partido Social-Democrata, o Manifesto do Povo e o Movimento Democrático Guineense.

MSE // PJA – Lusa/Fim

 

Visitantes no pavilhão da Guiné Bissau na Expo 2020, sob o tema “A terra de mil rios”, um microcosmo da diversidade de povos, culturas, paisagens e vida selvagem de África, para conheçer e aprender as ambições do país à medida que se desloca através do pavilhão, Dubai, Emirados Árabes Unidos, 22 outubro 2021.A Expo 2020 é uma exposição mundial com um período de seis meses, originalmente marcada para o período de 20 de outubro de 2020 até 10 de abril de 2021, porém, devido à Pandemia de COVID-19, o evento foi remarcado para o período de 01 de outubro de 2021 até 31 de março de 2022, mantendo o nome de “Expo 2020”. ANDRE KOSTERS / LUSA

Ver:

Guiné-Bissau: Partidos que apoiam Governo e PR felicitam envio de força da CEDEAO

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