Bissau, 08 jun 2023 (Lusa) – O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, admitiu hoje nomear Domingos Simões Pereira, vencedor das legislativas de domingo, para primeiro-ministro, depois de ter dito o contrário durante a campanha eleitoral.
“Eu sei o que disse, mas um político tem de recuar pelo bem-estar da nação”, afirmou o chefe de Estado, numa mensagem à Nação, no Palácio da Presidência, em Bissau.
Durante a campanha eleitoral, Sissoco Embaló disse que não iria nomear Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro, nem o vice-presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Geraldo Martins, enquanto ambos não respondessem a casos pendentes na justiça, mas sem especificar.
Hoje, após o anúncio do resultado das eleições, ganhas pela coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) – Terra Ranka, liderada por Domingos Simões Pereira, que obteve a maioria absoluta, o chefe de Estado disse que “não há inimigos permanentes” e que “quem ganhou foi a democracia”.
“Na política não há inimigos permanentes. Se a coligação Terra – Ranka propuser o seu cabeça-de-lista eu vou nomeá-lo primeiro-ministro da Guiné-Bissau”, referiu, referindo que enquanto Presidente da República vai “coabitar com o próximo Governo” da Guiné-Bissau.
Admitindo que disse “por repetidas vezes” que “nem que o PAIGC ganhasse com 102 deputados não nomearia o cidadão Domingos Simões Pereira”, como primeiro-ministro, agora considerou que “um político tem de recuar”.
O chefe de Estado assumiu ainda que preferiria a vitória de outros partidos, nomeadamente o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), que ajudou a fundar, ou o Partido de Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), cuja fundação em setembro de 2021 também apoiou, “mas o destino quis outro”.
“Eu não sou inimigo permanente de Domingos Simões Pereira, nem podemos ser inimigos. Podemos não gostar uns dos outros e nem irmos à casa uns dos outros, mas enquanto Presidente da República não hesitarei em nomeá-lo primeiro-ministro”, reforçou.
Sissoco Embaló referiu que “o Presidente, pelos poderes constitucionais que tem, não só fiscaliza o Governo, como o ajuda”.
“Espero que o próximo primeiro-ministro saiba usufruir das valências do chefe de Estado. Para trabalharmos pela Guiné-Bissau”, concluiu.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou hoje os resultados das eleições legislativas do passado domingo que deram a vitória à coligação PAI – Terra Ranka com 54 dos 102 deputados ao parlamento, conquistando assim a maioria absoluta.
Os resultados provisórios indicam também que o Madem-G15 obteve 29 deputados na Assembleia Nacional Popular, mais dois assentos do que em 2019 e o líder do partido, Braima Camará, já felicitou o vencedor, manifestando-se pronto para colaborar e ajudar a arranjar soluções de estabilidade política para o país.
O PRS conseguiu 12 deputados, uma grande descida em relação às legislativas de 2019, quando obteve 21 assentos, e o líder da formação política, Fernando Dias, disse que respeita a vontade do povo e a mensagem de “repreensão pela companhia em que se encontrava”, referindo-se ao facto de ter integrado o anterior Governo.
O PTG, liderado por Botche Candé, obteve seis deputados na sua estreia eleitoral.
O grande derrotado das eleições legislativas é a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderada pelo primeiro-ministro cessante Nuno Gomes Nabiam, que obteve apenas um deputado, quando em 2019 elegeu cinco deputados.
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