Guiné-Bissau/Eleições: Domingos Simões Pereira, o “matchu” da “Terra Ranka”

Bissau, 27 nov 2019 (Lusa) – Domingos Simões Pereira, candidato à segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau, a quem os apoiantes tratam por “matchu” (valente), regressa como opção depois de ter sido impedido por duas vezes de liderar a governação do país.

Engenheiro civil de profissão, com 56 anos de idade, Domingos Simões Pereira assumiu a liderança do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) em 2014.

Vencedor das legislativas de 2014 na Guiné-Bissau, foi nomeado primeiro-ministro, mas acabou por ser demitido do cargo em 2015 pelo Presidente cessante José Mário Vaz, que alegou graves divergências políticas.

A história repete-se. Em 2018, depois de o PAIGC ter vencido as legislativas de março e indicado o nome de Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro, José Mário Vaz recusa o nome, alegando as mesmas razões.

Domingos Simões Pereira anuncia então a sua intenção de se candidatar às eleições presidenciais e confrontar nas urnas o Presidente cessante, que na primeira volta das presidenciais apenas reuniu 12,41 por cento dos votos dos guineenses.

“A decisão de dia 24 (de novembro, data da primeira volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau) não é uma decisão sobre candidatos, é a decisão sobre a nossa vida, sobre o nosso futuro e sobre as nossas ambições”, afirmou Domingos Simões Pereira, num comício de arranque da campanha eleitoral, em Bissau.

Antigo ministro das Obras Públicas e do Equipamento Social, Domingos Simões Pereira ganhou protagonismo enquanto secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cargo para que foi nomeado em julho de 2008.

Casado e pai de três filhos, o antigo primeiro-ministro já recebeu várias distinções internacionais, incluindo a Grã-Cruz da Ordem do Infante Henrique, atribuída pelo antigo Presidente português Aníbal Cavaco Silva.

Como candidato a Presidente da Guiné-Bissau prometeu repor a dignidade dos guineenses, combater as desigualdades sociais e refundar o Estado.

“O que falta na Guiné-Bissau não é escola, não é hospital, é o Estado que desapareceu de há uns anos a esta parte. Esta nossa candidatura é para repor o Estado, repor a ordem na Guiné-Bissau”, defendeu Domingos Simões Pereira.

O “matchu” da Guiné-Bissau, nome pelo qual é carinhosamente tratado pelos seus apoiantes, é também ideólogo do programa “Terra Ranka” (Terra Arranca), um guia para o desenvolvimento do país, que já recebeu apoio dos parceiros internacionais.

“É importante que o povo compreenda que não é o nosso cansaço, não é nem a nossa razão, que vai resolver o nosso problema. O que vai resolver o problema é a determinação dos guineenses de lutar, de aferir quem tem ou não razão e quem está comprometido com o povo”, afirmou Domingos Simões Pereira em entrevista à Lusa.

Fortemente criticado pelos seus opositores durante a campanha eleitoral para a primeira volta das presidenciais, não perdeu “nem um minuto” do seu tempo a responder às acusações, optando por se concentrar no eleitorado.

Domingos Simões Pereira quer ser o “Presidente da República que convoca a Nação a reencontrar os valores” numa construção coletiva de repor o “orgulho de ser guineense”, defendendo que é preciso ganhar “como um coletivo para que cada um possa ter um bocado do bolo da vitória”.

Domingos Simões Pereira vai disputar a segunda volta das eleições presidenciais, marcadas para 29 de dezembro, com Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15).

MSE // VM – Lusa/Fim
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