Guimarães, capital europeia da cultura

Espírito patriota, heróis do passado, de nove séculos de história. Recordados sob a égide de Guimarães património mundial. Portugal de fio a pavio no discurso, na alma e nos actos. O passado/presente/futuro nas palavras, para a nata da política sentir, para os pesos pesados da cultura absorverem. A transformação da cidade, antes marcada pela indústria têxtil e agora convertida para a criatividade. No berço da nação, a cultura ganhou nova imagem, renasceu.
Imprensa de vários pontos do globo. Generalistas, publicações culturais. El País, France Press, New York Times ouviram e sentiram a portuguesa. O hino nacional entoado pela Fundação Orquestra Estúdio marcou os primeiros arrepios.
O recital continuou sob a batuta do maestro Rui Massena. O pássaro de fogo, de Stranvinsky, debaixo de uma luz violeta, envolveu a plateia, levou o comum dos mortais a uma viagem de recordações, trouxe à memória finais felizes de filmes épicos e terminou com uma chuva de aplausos. Memorável.
Seguiu-se Staccato Brilhante, de Joly Braga Santos. Trouxe azafáma, agitação, um ritmo alucinante capaz de fazer o ouvinte percorrer recônditos à velocidade da luz. Um ano inteiro, aquele que marca a viagem alucinante da capital europeia da cultura e a sua imensidão de actividades.
Abriu-se então o pano para o próximo passo. ‘Os nossos afectos’, algo definido como uma fantasia, uma agitação em quatro batimentos: recordar, conversar, experimentar e desejar. Viu-se um espectáculo multidisciplinar. Quarenta minutos de luzes, dança, teatro, vídeo e artes plásticas. Vinte e dois músicos em palco e nove bailarinas. Ergueram-se como flores de um jardim, abriram-se para o mundo, ao som da flauta transversal Rão Kyao.
Eram lírios, margaridas, amores perfeitos a percorreram um caminho até encontrarem as tradições. Povo, clero, nobreza, numa marcha comandada pelo grupo de caixas e bombos nicolinos.
A seguir às flores, aumentou a agitação, o vermelho tornou-se a tonalidade mais forte. Amarelos, laranjas, como um sol que nasce e que poisa. Vieram as lanças, chegou o rei, a batalha terminou em conquista. A princesa desceu dos céus e nascia o império.
Veio então nova viagem, agora ao som da guitarra portuguesa. O fado, o mar e a língua como elo de ligação. O brasileiro Chico Zé deu voz, contou, em palco com a companhia de Cristina Branco e novamente Rão Kyao. Os países irmãos relembrados e esse salto para a aldeia global. Para a Europa que se abriu pela porta da cultura, da expressão mais forte por parte do ser humano. A criatividade na sua forma mais pura. Guimarães viveu o primeiro momento épico, a renascer a cultura.

 

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Fonte: RTP

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