Fundador do Ciberdúvidas estranha “iniciativa unilateral” da Academia das Ciências

Lisboa, 27 jan (Lusa) – Um dos fundadores do Ciberdúvidas, projeto dedicado à língua portuguesa, estranhou hoje a “iniciativa unilateral” da Academia das Ciências de Lisboa sobre o Acordo Ortográfico de 1990, documento do qual é responsável com a Academia Brasileira de Letras.

“Estranho que a Academia das Ciência de Lisboa (ACL), entidade responsável com a Academia Brasileira de Letras pelo Acordo Ortográfico [de 1990], tenha agora uma iniciativa unilateral sem ter em conta esse contexto histórico”, afirmou hoje José Mário Costa, do Ciberdúvidas, em declarações à agência Lusa.

O documento de aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), aprovado na quinta-feira pela ACL, sugere o regresso de consoantes mudas, do acento gráfico em alguns vocábulos, do circunflexo noutros, assim como do hífen.

José Mário Costa estranha também “o facto de existir uma entidade, multilateral no âmbito da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], que é o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, onde a própria ACL está representada, e onde se tem discutido e avaliado o que há de alterar, melhorar, corrigir no texto inicial do AO90, e seja feito dessa maneira”.

Para o fundador do Ciberdúvidas, a iniciativa da ACL é estranha, “a não ser que atual liderança da Academia ponha em causa tudo o que [foram] os últimos anos de histórico de relacionamento das duas academias”.

José Mário Costa recordou que a Academia Brasileira de Letras “também já tinha feito sugestões, acertos, correções, incoerências, sobre uma série de propostas, que foram colocadas nas devidas comissões”, algo que, “no âmbito do Instituto Nacional da Língua Portuguesa está a ser resolvido”.

Segundo o documento “Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa” de 1990, deve regressar o acento agudo em palavras com pronúncia e grafia iguais, as denominadas palavras homógrafas, referindo, entre outras, “pára”, forma do verbo parar, que se confunde com a preposição para, também “péla”, nome e forma do verbo pelar, que se confunde com a preposição “pela”, e ainda “pélo”, nome e forma do verbo pelar, que se confunde com a preposição “pelo”.

Quanto às propostas, José Mário Costa recordou que “há muita gente que vem acrescentando propostas, que depois são levadas na devida conta no âmbito próprio e não de uma maneira unilateral”.

“Isso é que me surpreende”, sublinhou.

JRS (NL) // TDI

Lusa/fim

Subscreva as nossas informações
Scroll to Top