Macau, China, 16 mar (Lusa) – “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, de João Botelho, e “Colo”, de Teresa Villaverde, integram o Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, com os brasileiros “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano.
Mais de 230 filmes, incluindo cinco estreias mundiais, oito internacionais e 56 asiáticas, de 65 países e territórios, vão ser exibidos durante o Festival Internacional de Cinema de Hong Kong (HKIFF, na sigla inglesa), que vai decorrer entre 11 e 25 de abril.
O documentário “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, no qual o realizador João Botelho revela a admiração pela obra e a relação com o cineasta, vai ser exibido a 16 e 21 de abril, depois de se ter estreado nas salas de cinema em outubro e de ter marcado presença, em abril, no festival IndieLisboa, e em agosto, em Locarno.
O cinema sobre Manoel Oliveira, que faleceu em 2015 aos 106 anos, parece cativar o HKIFF que, na edição do ano passado, incluiu “Visita ou memórias e confissões”, um filme biográfico que o cineasta rodou nos anos 1980 e pediu para só ser mostrado após a sua morte, e, na década de 1990, por exemplo, tinha dado um lugar de honra ao realizador português no seu programa.
“Colo”, de Teresa Villaverde, um filme sobre uma geração desamparada que não soube reagir à crise, que se estreou, em fevereiro, no festival de Berlim, vai ser exibido a 13 e 19 de abril.
A presença portuguesa completa-se com a realizadora Salomé Lamas, selecionada para a competição de curtas-metragens do HKIFF com “Coup de Grâce”, que esteve na ‘luta’ pelo Urso de Ouro da categoria no Festival de Cinema de Berlim. Na mesma secção participa “A moça que dançou com o diabo”, do realizador brasileiro João Paulo Miranda Maria.
Na edição anterior do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, o prémio de melhor curta-metragem foi atribuído a “Balada de um Batráquio”, de Leonor Teles.
Do Brasil destaque para o filme “Aquarius”, que o realizador Kléber Mendonça Filho filmou com a atriz Sônia Braga sobre memória, persistência e vida na cidade, que, aliás, se estreia hoje nas salas de cinemas portuguesas.
O cinema brasileiro está ainda representado por “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, com exibições a 13 e 24 de abril, e por “Rifle”, a primeira longa-metragem de ficção de Davi Pretto, a 17 e 25 de abril.
Na programação do HKIFF figura ainda “Porto”, longa-metragem do realizador brasileiro Gabe Klinger, rodada em 2015 e coproduzida por Portugal, e o filme “A morte de Luís XIV”, do espanhol Albert Serra, também rodado em Portugal.
O 41.º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong abre com o filme “Love off the Cuff”, do cineasta de Hong Kong Pang Ho-Cheung, e encerra com a película “mon mon mon Monsters!”, do taiwanês Giddens Ko, ambos em estreia mundial.
Pang Ho-Cheung realizou “Isabella”, um filme que decorre no período da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China, em 1999, cuja banda sonora – influenciada pela música portuguesa, particularmente pelo fado – recebeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim em 2006.
O HKIFF vai assinalar o 20.º aniversário da transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China com um programa especial, com entrada livre, intitulado “Mudança de Paradigma: O Cinema de Hong Kong no pós-1997”, que inclui a exibição de 20 filmes considerados representativos do cinema local das últimas duas décadas.
O 10.º aniversário da morte do realizador chinês Edward Yang também não vai passar em branco, estando prevista uma retrospectiva de sete filmes, com a exibição a ser acompanhada pela presença da sua mulher, Kaili Peng, e do seu parceiro criativo de longa data, Hsiao Yeh.
Inúmeros realizadores reputados internacionalmente vão visitar Hong Kong, como Olivier Assayas, vencedor do prémio de melhor realizador no Festival de Cannes do ano passado, que irá apresentar “Personal Shopper”, ou a realizadora polaca Agnieszka Holland, premiada em Berlim com o filme “Spoor”.
Fundado em 1976, o HKIFF é o mais antigo festival de cinema da Ásia.