Festival Literário Diáspora arranca hoje em Belmonte

Lisboa, 20 nov (Lusa) – Escritores, ilustradores e contadores de histórias participam a partir de hoje na 2.ª edição do Diáspora – Festival Literário de Belmonte, numa iniciativa da Câmara Municipal, com produção executiva dos consultores editoriais Booktailors.

Até domingo, passarão pelas escolas do concelho onde nasceu o navegador Pedro Álvares Cabral, pela Igreja Matriz, o Museu Judaico e o Ecomuseu do Zêzere autores portugueses como Afonso Cruz, Pedro Mexia, Maria Manuel Viana, Catarina Sobral, Tiago Patrício, Mário Cláudio e Inês Pedrosa e brasileiros como João Paulo Cuenca e Andréa Zamorano, entre outros.

Além das visitas dos convidados às escolas, haverá, ao longo dos três dias do festival, duas exposições, quatro mesas-redondas, uma entrevista de vida e uma conferência.

Na Igreja Matriz de Belmonte, os politólogos Jaime Nogueira Pinto e Nuno Tiago Pinto e o escritor Pedro Mexia debatem na sexta-feira à noite, pelas 21:30, o que a humanidade tem feito “Em Nome de Deus”, numa conversa com moderação do padre Carlos Lourenço.

“Os conflitos, as mitificações e a segregação; Em nome de Deus, cometeram-se os maiores genocídios e criaram-se as maiores mentiras; Se as principais religiões afirmam que Deus é Paz, porque permanecem vivas as tensões inter-religiosas? De Fátima ao Médio Oriente, como tomou a política conta da religião?”, lê-se no programa desta 2.ª edição do Diáspora.

No sábado, às 15:00, no Museu Judaico, será a vez da segunda mesa de debate, com o mote “Tanto Mar”, título de uma canção de Chico Buarque, em que as escritoras Andréa Zamorano e Inês Pedrosa e o escritor Pedro Vieira, aqui no papel de moderador, falarão sobre geografia e identidade, refletindo sobre questões como: “Portugal e o Brasil falam a mesma língua? Que autores portugueses são lidos no Brasil e vice-versa? ‘Sei que há léguas a nos separar’ [canta Chico] – e as distâncias da escrita?”.

O terceiro debate reunirá pelas 17:00 no Museu Judaico de Belmonte os escritores Maria Manuel Viana e Tiago Patrício com Pedro Vieira, em torno do tema “Mercado Comum: Vivemos num território de livre circulação de capitais, bens e produtos – e a livre circulação de ideias? Haverá imaginários novos ao dispor e à distância de um cartão de cidadão? E a ficção do interior, como olha para uma Europa que volta a falar em barreiras?”.

BelmonteNo domingo, às 15:00, no mesmo museu, o escritor brasileiro João Paulo Cuenca e a tradutora e escritora portuguesa Tânia Ganho, que já residiram em países estrangeiros, interrogam-se, na quarta mesa de debate, sobre se “Há mesmo Cidades Literárias?”.

“Toda a gente sabe que Paris, Roma e Nova Iorque são cidades cinematográficas. Haverá cidades literárias? O que esperam os escritores de uma cidade enquanto espaço romanesco? O escritor usa o ‘Photoshop’ quando descreve uma cidade?”, são algumas das perguntas que lhes serão colocadas.

Uma entrevista de vida será feita ao escritor portuense Mário Cláudio, Prémio Pessoa 2004, pouco após a publicação de “Astronomia”, o mais autobiográfico dos seus romances. Será no sábado à tarde, às 16:00, no Museu Judaico de Belmonte.

A conferência de encerramento, às 16:00 de domingo, estará a cargo da pianista e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, que falará de “Cultura para o século XXI a partir de um lugar carregado de histórias e de História”.

Belmonte é a única comunidade peninsular reconhecida como herdeira legítima da antiga presença histórica dos judeus sefarditas, tendo conseguido, durante a Inquisição, preservar muitos dos ritos, orações e relações sociais.

ANC // EL – Lusa/fim

Subscreva as nossas informações
Scroll to Top