Rio de Janeiro, 31 ago (Lusa) – O Festival Internacional de Teatro de Língua Portuguesa (Festlip), que decorre de 21 de setembro a 02 de outubro, no Rio de Janeiro, celebra o dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues e conta com o Teatro da Garagem, de Lisboa.
“O Festlip dedica ao homenageado, pela primeira vez, todo o conteúdo desta oitava edição, entre peças, ‘workshops’, palestras, exposição de fotos, espetáculo, gastronomia e ainda uma inédita mostra de cinema”, lê-se num comunicado da organização.
A homenagem a Nelson Rodrigues, que a organizadora do festival, a Talu Produções, considera a “mais influente referência” do Teatro brasileiro, conta com montagens inéditas de Angola, Cabo Verde e Portugal.
O Teatro da Garagem, sediado em Lisboa, vai apresentar no Rio de Janeiro a peça “A Vida Como Ela É”, um espetáculo baseado nas crónicas diárias escritas por Nelson Rodrigues, ao longo de dez anos, para o jornal Última Hora.
“Através do retrato do quotidiano das relações entre casais brasileiros dos anos 50, o escritor traça um quadro sobre as relações humanas no seu íntimo”, esclarece a companhia portuguesa. “Numa grande proximidade com o público, a peça percorre casamento, amor, desejo e adultério, para mostrar retratos da vida comum, nos quais ainda conseguimos nos reconhecer”.
O espetáculo tem encenação de Carlos J. Pessoa, dramaturgia de Carlos J. Pessoa e Maria João Vicente, interpretação de Nuno Nolasco e Nuno Pinheiro, cenografia de Sérgio Loureiro, música de Daniel Cervantes, e será apresentado em quatro sessões, nos dias 22 a 24 de setembro, em palcos do Rio de Janeiro, de acordo com o programa do Festival.
O dramaturgo, jornalista e escritor Nelson Rodrigues (1912-1980) é descrito pela Talu Produções e Marketing, na apresentação do festival, “como “genial, maldito, imoral e pornográfico”, um homem que esteve “à frente de seu tempo e redefiniu o teatro brasileiro, tornando-se na sua maior e mais influente referência”.
“O FESTLIP 2016 permitir-nos-á uma aproximação mais íntima da nossa cultura com o mundo, já que a dramaturgia de Nelson retrata, sem pudor, temas tão polémicos numa sociedade”, disse Tânia Pires, diretora executiva da Talu.
A também atriz e produtora adiantou que o festival permitirá desvendar “como países de culturas tão diversificadas encaram uma obra tão brasileira e, ao mesmo tempo, universal quanto a dele”.
“A mulher sem pecado”, a primeira peça do dramaturgo, subirá ao palco pelo grupo angolano Elinga Teatro, enquanto o grupo Raiz di Polon, de Cabo Verde, fará “uma leitura original de Nelson Rodrigues ao transpor para o universo da dança a sua última peça, ‘A serpente'”, segundo a organização.
A atriz portuguesa Maria João Vicente vai dirigir uma oficina para os atores participantes do festival, “A falar que a gente se entende”, uma coprodução entre o Teatro da Garagem e a Talu Produções.
O grupo cabo-verdiano Raiz di Polon organizará ainda um ‘workshop’ para ensinar “os passos da dança contemporânea africana inspirados na dramaturgia rodrigueana”.
O festival incluirá ainda, pela primeira vez, uma mostra de cinema, levando quatro clássicos brasileiros, sobre a obra de Nelson Rodrigues: “Mulheres e Milhões”, de Jorge Ileli (1961), “O Casamento”, de Arnaldo Jabor (1975), “A Dama do Lotação”, de Neville D’Almeida (1978) e “Bonitinha Mas Ordinária ou Otto Lara Resende”, de Braz Chediak (1980).
A 8.ª edição conta, entre outras iniciativas, com a Mostra Gourmet, trocando os “sofisticados pratos de restaurante pelas comidinhas de boteco, com um menu criado a partir dos petiscos preferidos do escritor e jornalista, além de outros inspirados na sua dramaturgia”.
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