Lisboa, 03 mai (Lusa) – A edição deste ano do Festival do Cinema Brasileiro de Paris decorre entre os dias 20 e 27 de junho, no cinema Arlequin, celebrando “50 anos de tropicalismo”, apesar de dificuldades financeiras, anunciou hoje a organização do evento.
A 19.ª edição do Festival do Cinema Brasileiro de Paris vai abrir com o filme “Elis”, de Hugo Prata, dedicado à cantora Elis Regina, “muitas vezes considerada a mais bela voz brasileira”, que marcou a história da música popular.
A encerrar o festival está outro nome da música brasileira, Chico Buarque, a “estrela” do filme documental “Chico, artista brasileiro”, de Miguel Faria Jr.
O realizador do filme, amigo de Chico Buarque, convenceu o artista a deixar-se filmar no seu quotidiano e a revelar o seu processo criativo.
“Arquivos, entrevistas e trechos de um concerto organizado para a ocasião traçam o perfil de um músico e escritor sensível, com um talento infinito”, refere uma nota.
Mantendo o registo musical e celebrando os 50 anos do Tropicalismo, a edição deste ano do festival de cinema convida o público a descobrir uma seleção de documentários, incluindo o “Tropicália”, de Marcelo Machado, e “Rogério Duarte, o Tropikaoslista” José Walter Lima.
O primeiro traça o início deste movimento musical e cultural desta “ilha, esta espécie de território idealizado, de utopia” que surgiu no auge da ditadura.
O segundo debruça-se sobre o caso de Rogério Duarte, desenhador, músico, poeta e ativista que foi um dos mentores do movimento.
Este ano será projetada também uma seleção de filmes escolhidos especialmente a pensar nos jovens, mas igualmente interessantes para pais e professores, revela a organização do festival.
“Jonas e o circo sem lona”, de Paula Gomes, leva os espetadores “ao encontro de Jonas, 13 anos, que sonha com o circo enquanto a sua mãe, que vem desse meio, prefere que ele dedique a sua energia à escola”.
“Menino 23”, de Belisário Franca, acompanha um historiador à procura da verdade, relativamente a uma fazenda em que 50 órfãos negros estiveram sujeitos à escravidão na década de 1930 por uma família próxima da ideologia nazi.
Em “Deixa na Régua” (“Les Rois de la tondeuse”), Emílio Domingos leva a sua câmara até aos salões de beleza de favelas do Rio de Janeiro, mostrando a moda atual, mas também as questões, por vezes existenciais, levantadas por clientes e pelos seus cabeleireiros.