Festafilm quer lutar contra “imagem distorcida” da lusofonia

A cidade de Montpellier, no sul de França, vai ser palco da sétima edição do Festafilm – Festival de Cinema Lusófono e Francófono, de 18 a 21 de dezembro, com o objetivo de lutar contra a “imagem distorcida” da lusofonia, disse à Lusa fonte da organização.

“Em França, o cinema lusófono que está em cartaz não é o cinema que representa o que está a acontecer de melhor na atualidade de cada país”, sublinhou Flávia Vargas Pailhes, a diretora de programação do evento, acrescentando que “a ideia é mostrar um pouco da cultura lusófona através do cinema fora do circuito comercial normal”.

O festival quer “criar uma sintonia entre a francofonia e a lusofonia” e apresenta mais de 80 filmes – entre longas-metragens, documentários e curtas-metragens – do Brasil, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, França, Bélgica, Luxemburgo.

No cinema brasileiro, destaque para “Hoje eu quero voltar sozinho” de Daniel Ribeiro – a película escolhida para representar o Brasil, em 2015, na corrida ao Óscar de melhor filme estrangeiro – e “Cidade de Deus – 10 anos depois”, um documentário de Cavi Borges e Luciano Vidigal.

O cartaz conta, ainda, com o documentário “A Sétima Vida de Gualdino” do realizador português Filipe Araújo, “Les mauvais rêves de monsieur Antunes” (“Os maus sonhos do senhor Antunes”) da franco-portuguesa Maria Pinto sobre o escritor António Lobo Antunes e “Portugal, l’Europe de l’incertitude” (“Portugal, os caminhos da incerteza”) do francês François Manceaux.

A Guiné-Bissau vai estar representada pela curta-metragem “Tabatô” do português João Viana e pelo documentário “Geração do amanhã” de Carlos Vaz. De Angola vai ser projetado o documentário “Angola Ano Zero” do realizador cubano Ever Miranda e do produtor angolano Ngoi Salucombo.

O Festafilm nasceu em 2008 e quer dar a conhecer ao público francês os filmes em língua portuguesa, ainda que Flávia Vargas Pailhes reconheça que “é muito difícil trazer filmes da África Lusófona” porque “não há muitos filmes produzidos” e porque se trata de um “festival pequeno e é muito difícil entrar em contacto com Cabo Verde, Moçambique e mesmo com Angola porque não têm tanto interesse em participar”.

O festival também quer dar a conhecer os filmes franceses ao público lusófono através de parcerias com festivais de países de língua portuguesa como o Festival Internacional de Cinema AVANCA, em Portugal, o Festival Ibero-americano de Cinema de Sergipe – CURTA-SE, no Brasil, e o Festival Internacional de Cinema de Luanda – FIC Luanda.

Além dos filmes que vão ser exibidos em três salas de cinema de Montpellier, a programação conta com concertos de música brasileira e duas exposições de fotografia.

CAYB// ATR – Lusa/fim


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