Maputo, 05 out (Lusa) – Vários escritores moçambicanos consideraram hoje que a língua portuguesa está viva e enraizada em Moçambique, onde a partir de hoje serve de veículo para conhecer o mundo na Feira do Livro de Maputo, a decorrer até sábado.
“Não há dúvida que temos influência dos países vizinhos, anglófonos, e isso permite-nos comunicar com eles, mas não há risco de o Português perder o seu lugar, tanto que nesses países vizinhos existem escolas de Português”, referiu Aldino Muianga, escritor moçambicano, em declarações à Lusa.
O autor foi um dos que hoje marcou presença na abertura da feira, no Jardim Tunduru, no centro de Maputo.
“Estou a viver na África do Sul há bastante tempo e tenho participado em encontros de divulgação da língua portuguesa. E no Zimbabué, idem aspas”, acrescentou.
Mesmo que Moçambique consiga valorizar as suas línguas locais, Muianga acredita que tal será feito “no sentido de valorizar o património local, não significa que rejeitemos a língua portuguesa como instrumento, de forma alguma”.
João Tordo, vencedor do Prémio José Saramago em 2009 com a obra “As três vidas” está pela primeira vez em Moçambique a convite do Camões – Centro Cultural Português para participar em iniciativas ligadas à feira hoje inaugurada.
Além de cerca de uma dezena de expositores de editoras e centros culturais no Jardim Tunduru, o evento inclui debates, lançamento de livros e música – tanto no jardim, como na Biblioteca Nacional de Moçambique e centros culturais associados à iniciativa.
“Os festivais e feiras literárias servem para isso, para reencontrar essas vozes e para termos essa espécie de comunhão e encontro”, referiu João Tordo à Lusa.
A passagem por outros países lusófonos permite também alargar o leque de influências de cada autor.
“É importante porque é nestes sítios que vou buscar inspiração, histórias e personagens”, acrescentou.
Juvenal Bucuane, escritor moçambicano, destaca a importância da feira para cativar novos leitores.
“Eu estou aqui em Moçambique, mas não preciso ir aos Estados Unidos da América, ao Brasil ou a Portugal para conhecer e para saber o que se passa nesses países: tenho os livros que me fazem viajar até lá”, referiu à Lusa.
“Para mim, estas feiras são importantes no sentido em que chamam as pessoas, concentram-nas, para dizer que é aqui, nestes livros, que aprendemos tudo o que sabemos, tudo o que nos faz seres humanos”, concluiu.
A Feira do Livro de Maputo assinala também os 130 anos de elevação da capital moçambicana à categoria de cidade.
A organização está a cargo do Conselho Municipal de Maputo em parceria com os centros culturais de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, França e Brasil.
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