Londres, 06 set (Lusa) – As dificuldades para unir as diferentes comunidades de língua portuguesa e espanhola em Londres ainda ensombram a sétima edição do Mês Amigo, que arranca na quinta-feira, mas o principal promotor acredita que a iniciativa vai vingar.
O Mês Amigo, que celebra anualmente os países de língua portuguesa e espanhola, começa na quinta-feira em Londres com a comemoração do dia da Independência do Brasil e da data em que Portugal reconheceu a independência de Moçambique.
Na sétima edição, o evento dura cinco semanas, entre 07 de setembro e 12 de outubro, e inclui datas significativas relativas a cada país e região hispanófona e lusófona, incluindo Goa.
O 05 de outubro, que marca a instauração da República Portuguesa, é o dia relativo a Portugal, enquanto Cabo Verde merece alusão no dia 12 de setembro, dia do nascimento de Amílcar Cabral, que lutou pela independência do país.
O objetivo é criar algo semelhante ao Mês da História Negra ou ao Mês da História LGBT, períodos durante os quais são promovidas atividades pedagógicas e artísticas nas escolas, bibliotecas ou outros locais no Reino Unido sobre os respetivos temas.
Este ano, segundo a organização do Mês Amigo, haverá celebrações especiais dos respetivos dias nacionais por 15 comunidades nacionais e missões diplomáticas durante este período, que coincidirá com outras manifestações artísticas e festivais de cinema, música e teatro.
A origem da iniciativa remonta a 2008, quando foi feita uma campanha para reunir 10.000 assinaturas para que a minoria ibero-americana fosse reconhecida e um mês dedicado a celebrar as suas diferentes culturas.
Em 2010, o então Mayor de Londres, Boris Johnson, participou num encontro promovido pela então autodeterminada Aliança Luso Hispânica e Ibero-Americana e manifestou abertura à ideia, que se concretizou no ano seguinte.
O lançamento oficial da edição de 2017 será feito na quarta-feira à noite num restaurante no bairro de Elephant & Castle, onde existe uma numerosa comunidade latino-americana, com a presença de algumas personalidades, incluindo a vice-Mayor de Londres, Joanne McCartney.
A embaixada de Portugal estará representada, mas não pelo embaixador, e a missão diplomática de Moçambique em Londres só manifestou que iria participar depois de abordada pela agência Lusa.
A organização admite dificuldades em unir as diferentes comunidades para se envolverem e participarem, admitiu o peruano Isaac Bigio, um dos principais promotores da iniciativa, à Lusa.
“Havia latino-americanos que preferiam um Mês Hispano, como nos EUA e no Canadá. Alguns africanos lusófonos não concordavam com o termo ‘ibero-americanos'”, revelou.
A forma que encontrou para tentar um terreno comum foi a denominação “Amigo” para denominar o Mês dedicado à celebração das suas culturas.
“É a palavra estrangeira mais popular no Reino Unido e une as duas línguas”, justifica.
Isaac Bigio acredita que é importante que as autoridades britânicas continuem a reconhecer o evento, que espera que continue a crescer para o resto do país.
“Acho que em 2019, quando celebramos 500 anos desde que portugueses e espanhóis iniciaram a primeira volta ao mundo, vai estar implantado a nível nacional”, sublinhou.
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Foto: Mês Amigo