Praia, 15 mar (Lusa) – O primeiro-ministro de Cabo Verde aquando da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carlos Veiga, disse hoje desconhecer o alegado “acordo de cavalheiros” que impede Portugal de apresentar um candidato a secretário-executivo da organização.
“Não tenho ideia de que tenha acontecido e não vejo muita lógica porque o facto de Portugal ter aceitado ser sede da CPLP foi algo normal e até desejado porque foi o país que mais puxou pela criação da CPLP e não creio que esta seja uma razão para agora retirar a Portugal a possibilidade de indicar um secretário-executivo”, afirmou Veiga, citado pela Rádio Voz da América.
Para Carlos Veiga, que em 1996, liderava o governo do Movimento para a Democracia (MpD), deve procurar-se “o melhor para CPLP e basear-se em regras que não são escritas não é bom para nenhuma organização”.
Carlos Veiga disse ainda que deve ser privilegiada a competência do candidato ao lugar de secretário-executivo da organização.
A escolha do próximo secretário executivo da organização, que está envolta em polémica, deverá dominar parte dos trabalhos da XIV reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que decorre quinta-feira em Lisboa.
Na cimeira deste ano no Brasil, deverá ser escolhido o sucessor do moçambicano Murade Murargy, que terminará o segundo mandato de dois anos, e Portugal já manifestou intenção de propor um nome, invocando os estatutos da organização, segundo os quais “o secretário executivo é uma alta personalidade de um dos Estados membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos Estados membros por ordem alfabética crescente”.
Por outro lado, São Tomé e Príncipe anunciou que vai apresentar um candidato ao cargo, mas afirmou que esta candidatura não será contra Portugal.
Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe transmitiram que os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e também a Guiné Equatorial consideram que Portugal não deve assumir o cargo de secretário executivo por acolher a sede da CPLP e, como tal, ter o maior número de funcionários, e invocam a existência de um “acordo verbal” nesse sentido, que Portugal diz desconhecer.
Nesta segunda-feira, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a CPLP vai escolher no verão o seu próximo presidente e secretário executivo, “de acordo com o critério de rotação adotado”, durante uma visita à sede da organização, em Lisboa.
Na reunião de quinta-feira, os chefes da diplomacia dos nove países vão discutir a proposta de nova visão estratégica da organização e a situação política na Guiné-Bissau.
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