Lisboa, 15 nov 2019 (Lusa) – O valor económico das línguas e a sua relevância geopolítica são alguns dos temas da primeira Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola que durante dois dias vai reunir centenas de especialistas em Lisboa.
Promovida pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), a CILPE2019 vai decorrer na quinta e na sexta-feira e reunir académicos, cientistas, especialistas de várias áreas do conhecimento, responsáveis de governo, comunidades educativas, culturais e económicas.
Um dos objetivos da conferência, que vai decorrer com o tema “Ibero-América: uma comunidade, duas línguas pluricêntricas”, é a elaboração de “um plano de ação de caráter interinstitucional”.
Entre os vários temas a abordar na conferência conta-se “o potencial de internacionalização das empresas, o valor das línguas espanhola e portuguesa e o seu contributo para as indústrias culturais e economia criativa”.
Serão igualmente abordados os temas “geografias, demografias, diásporas, modalidades de uso das línguas, organizações internacionais, agências de cooperação internacional e sociedade civil, geopolítica das línguas”.
A diretora da OEI, Ana Paula Laborinho, explicou hoje em conferência de imprensa que o evento ocorre numa altura em que a organização assiste a “um reforço do posicionamento estratégico do português”.
O tema predominante do encontro será, pois, “a política da língua”, disse, sublinhando que “as línguas tendem a trabalhar em conjunto”.
No caso do português e do espanhol, trata-se de “duas línguas com proximidades grandes” que são faladas por 800 milhões de pessoas que “são também 800 milhões de consumidores”, adiantou.
Ana Paula Laborinho indicou ainda que estas duas línguas ocupam já o segundo lugar na produção científica, embora ainda muito longe do inglês, que lidera.
Em termos de desafios, a diretora da OEI acredita que a organização pode ter um papel importante na “tradução de obras de português para outras línguas”.
E como instrumento para esta difusão, a OEI aposta em modelos semelhantes a Bolonha, para o ensino superior, que conduzam a uma mobilidade estudantil e a uma equiparação entre os cursos.
A conferência vai decorrer nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian e terminará com uma intervenção da escritora brasileira Nélida Piñon.