Escritores moçambicanos dedicam distinção à paz

O Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, condecorou recentemente os dois escritores com a ordem honorífica do Infante D. Henrique, devido ao “contributo que têm dado para o enriquecimento das letras moçambicanas e para a divulgação de Moçambique e das suas culturas a nível internacional”.

“Este reconhecimento é muito alto, então, quando o senhor embaixador [de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte] me chamou para fazer a comunicação, fiquei meio-zonza: ainda não estou habituada a receber coisas boas. Foi uma grande e agradável surpresa”, disse à agência Lusa Paulina Chiziane, autora de obras como “Niketche”, “O Alegre Canto da Perdiz” e “Na mão de Deus”.

Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa deram hoje uma conferência de imprensa, em antecipação da cerimónia de imposição das insígnias, que se realiza a 04 de dezembro, em Maputo.

Os dois escritores aproveitaram o momento para “apelar para o diálogo” entre o Governo moçambicano e a Renamo, o principal partido da oposição, que desde há mais de um ano se encontra num impasse político-militar e tem dado origem a violência que já vitimou várias pessoas.

“Recebo de braços abertos esta homenagem de Portugal, que ontem foi inimigo, mas hoje caminha junto com Moçambique. Com muita emoção, dedico esta homenagem à paz [em Moçambique]”, disse Paulina Chiziane.

Também Ungulani Ba Ka Khosa, que garantiu ter ficado “meio atordoado” com a distinção, que “estende a todos os outros escritores”, dedicou à paz a homenagem que lhe foi atribuída.

“Nunca pensei que deste canto de Moçambique, não sendo um escritor dos grandes meios comerciais, pudesse receber esta distinção”, enfatizou Khosa.

“É à paz que dedico este prémio”, acrescentou o autor, que escreveu, entre outros obras, “Ualalapi”, “Orgia dos Loucos”, “Histórias de Amor e Espanto” e “Choriro”.

Esta foi a primeira distinção com a ordem honorífica do Infante D. Henrique recebida por escritores moçambicanos, menção apenas atribuída aos antigos presidentes moçambicanos Samora Moisés Machel e Joaquim Chissano, no grau de Grande Colar, respetivamente, em 1982 e 1993.

EMYP // JMR – Lusa/fim

Foto: O embaixador de Portugal em Maputo, José Augusto Duarte acompanhado pelos escritores moçambicanos, Paulina Chiziane (E) e Ungulani Ba Ka Khossa (D), discursa durante uma conferência de imprensa sobre a condecoração atribuída aos dois moçambicanos pelo seu contributo para a língua portuguesa, em Maputo, Moçambique, 26 de novembro de 2013. ANTONIO SILVA / LUSA

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