Escritor luso-sueco Miguel Gullander apresenta romance “Através da Chuva” em Bissau

Bissau, 18 dez (Lusa) – O escritor luso sueco Miguel Gullander apresentou hoje no Centro Cultural Português em Bissau o seu romance “Através da Chuva”, que disse ser uma homenagem a África e “um grito perante alguns problemas” do mundo atual.

Filho de mãe portuguesa e pai sueco, Miguel Gullander é, atualmente, leitor e professor de português na Guiné-Bissau, depois de passagens por Cabo Verde, África do Sul, Moçambique e Namíbia, como técnico de cooperação para o desenvolvimento e de educação.

O “Através da Chuva”, que é o segundo romance de Miguel Gullander, depois “Perdido de Volta”, não seria possível de se escrever se não existisse a cultura africana, foi como resumiu o livro o próprio autor, ao justificar a homenagem que faz ao continente negro.

Levantando um pouco do véu aos guineenses sobre o livro, mas sempre remetendo para a leitura do mesmo, o autor adiantou que a obra “é um grito para levar as pessoas a refletirem” sobre os problemas atuais do mundo.

Miguel Gullander disse ser preocupante a perda dos valores como a família, das comunidades locais, do contacto com a natureza, associada à “sede incessante” que “é colocada no coração das pessoas” para que consumam cada vez mais.

“Quem não alinhar na sociedade do consumo não é considerado cidadão do mundo”, enfatizou.

Miguel Gullander disse considerar a forma de estar na sociedade atual “absolutamente horrível”, porque “um verdadeiro cidadão não precisa de ter dinheiro para ser uma pessoa com espaço no mundo”.

O escritor, de 42 anos, nota que foi o ser humano que inventou o dinheiro e não o contrário e ainda criou a discriminação e todas as formas do racismo, incluindo o económico, bem como o sectarismo e a divisão.

“Este livro é um grito para dizer que não precisamos de tudo isso”, sublinhou Miguel Gullander.

Presente na apresentação do livro de Miguel Gullander, feita pelo escritor guineense Adulai Sillá, o embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, António de Carvalho, considerou que o lançamento da obra escritor luso sueco faz parte de um plano de afirmação de uma identidade cultural guineense.

Embaixador de Portugal em Bissau desde o dia 06, António de Carvalho afirmou ter em manga projetos para utilizar também o Centro Cultural Português como lugar de divulgação e promoção da cultura guineense que pensa que faz falta.

MB // ARA – Lusa/Fim
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