Não é difícil de imaginar uma pessoa que — num acesso de fúria — abandona uma sala e, porque os seus movimentos são apressados e bruscos, fecha a porta atrás de si com um golpe forte e, consequentemente, barulhento
A expressão bater com a porta descreve literalmente a ação de forçar o fechamento de uma porta para provocar um ruído forte por forma a assinalar a determinação da saída de cena com um estrondo. Geralmente, o protagonista desta ação sente-se ofendido ou irritado com algo que foi dito ou feito e, num acesso de raiva, resolve demonstrar o seu descontentamento abandonando a discussão ou o local onde se encontra. Para sublinhar a sua raiva e deixar bem clara a sua posição, fecha a porta atrás de si de forma ruidosa ou estrondosa.
A ideia que pretende transmitir é de alguém que se sente ultrajado e, para marcar a sua posição, corta enfática e perentoriamente (que quer dizer o mesmo que de forma decisiva e determinada) os seus laços ou relação com o que se está a passar.
O uso mais frequente desta locução é para fazer referência a alguém que decide abandonar um emprego, uma relação ou uma discussão. A expressão sugere assim uma cisão ou separação clara e radical, um corte súbito ou intempestivo.
Os exemplos que apresentamos são todos retirados de artigos de jornal:
1. Bruno de Carvalho estaria decidido a bater com a porta, na sequência da assembleia geral do último sábado…
2. Foi em nome de alguma estabilidade política e, para evitar especulações futuras, que o autarca decidiu bater com a porta…
3. O presidente da empresa, Pedro Ribeiro da Cunha, acaba de bater com a porta, declarando estar cansado da indefinição do Governo sobre se avança ou não com uma solução para a empresa.
Não devemos confundir esta expressão com dar um murro na mesa que pretende descrever uma mudança de posição ou apelar para a necessidade de pôr em prática uma decisão difícil. Mais uma vez ilustramos esta expressão com exemplos retirados dos meios de comunicação social portugueses:
1. É um homem firme e dire[c]to, capaz de — com a autoridade dos seus 1,93 metros — dar um murro na mesa quando necessário.
2. O mais notório foi mesmo a incapacidade [do diretor] de dar um murro na mesa na altura em que isso era indispensável.
3. Às vezes, é preciso dar um murro na mesa para não se confundir a hospitalidade portuguesa com um país de bananas.
Nesta última frase, a locução país de bananas faz referência à expressão ser um bananas que explicaremos na próxima semana.
Referências
“peremptoriamente”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/peremptoriamente[consultado em 06-02-2018].
OUTRAS EXPRESSÕES MENCIONADAS
dar um murro na mesa
ser um bananas