Ensino do Português

O ensino de língua portuguesa e literatura tem sido atualmente o foco de diversas discussões na área de ensino de línguas. As discussões apontam para a necessidade de mudar as práticas atuais de ensino. Mas quais são essas práticas? Qual a origem delas? Quais são as alternativas para melhorar o ensino de língua portuguesa? Este texto tem como objetivo mostrar a origem das práticas atuais, cristalizadas há séculos no ensino de língua portuguesa e a necessidade de mudá-las para atingir o novo perfil de alunos que chegam as escolas.

O ensino de língua portuguesa aparece como disciplina oficialmente apenas em 1871, quando um decreto imperial cria o cargo de professor de português. Este cargo surge a partir da cobrança da disciplina de língua portuguesa em exames preparatórios. Porém, o ensino de língua portuguesa começa muito antes de ser instituída oficialmente como disciplina, por volta dos séculos XVI e XVIII.

Segundo Rojo (2001), com a mudança da corte portuguesa para o Brasil, escolas superiores surgiram e o ingresso nelas era feito por meio de exames. Muitas dessas faculdades possuíam cursos preparatórios para esses exames e devido à demanda de alunos interessados em ingressar, que era crescente, começaram a surgir colégios, ginásios, liceus, escolas normais e escolas particulares, já que eram poucas as escolas públicas na época. Dentre os colégios, podemos destacar o Imperial Colégio de Dom Pedro II e a Escola Normal de São Paulo, que foram responsáveis por ditar o currículo e material didático das escolas primárias da época.

O ensino de língua portuguesa nesses períodos, resultado de uma herança jesuítica, era feito como segunda língua, por meio da língua do colonizador – o português europeu. O português ensinado tinha como objetivo apenas alfabetizar os alunos, para que depois eles aprendessem retórica, poética e a gramática do latim comparada à gramática da língua portuguesa. Esse ensino, com a reforma pombalina em meados do século XVIII, passa a enfocar a língua portuguesa, deixando de lado o latim, mas continua conservando o estudo da gramática, retórica e poética.

Em 1869, a reforma Paulino de Souza introduz o exame preparatório de português, que resultou no surgimento da disciplina de língua portuguesa e na criação do cargo de professor de português, em 1971. Como resultado disso, temos a fundição da gramática, retórica e poética em uma única disciplina, que mais tarde foi acompanhada dos estudos de história da literatura nacional (portuguesa e brasileira).

A gramática, então, foi um dos primeiros campos a estruturar os currículos brasileiros, começando por alfabetizar os alunos e depois dedicando os estudos a análise da estrutura da língua, a recitações de clássicos, a cópias e composições de textos tendo como modelos as antologias e a história da literatura. Conforme Razzini (2000) apud Rojo (2011) descreve:

com o objetivo de ensinar a escrever através da apreciação de modelos escolhidos pelo professor nas antologias adotadas oficialmente, os exercícios de composição iam dos mais elementares, do primeiro ano (“reprodução e imitação de pequenos trechos”); passando pelas  “breves descrições, narrações e cartas” do segundo ao quarto ano; a “redação livre” do quinto ano, e culminando com a  “composição de lavra própria” e discursos de improviso no sexto ano.

 

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