Encontro multidisciplinar com Macau e a China

Concretizando a missão de “criar pontes”, o cartaz dos “Luso Talentos” de hoje oferece “um programa de música portuguesa ao encontro da China” sob o título “Partir para longe é regressar” – que junta piano, flauta e voz -, fazendo subir ao palco no dia seguinte uma aliança entre o fado e um instrumento tradicional chinês.

Esta noite, há ainda um concurso de ‘cocktails’ à base de vinho do Porto com um ‘twist’ asiático, previsto num programa que reserva espaço para “Encontro com Macau” – conferência para refletir sobre a experiência de artistas portugueses e chineses contemporâneos no território antes e depois da transição e a abertura à China, marcado para a tarde de sábado.

Hoje o programa arranca com o lançamento do livro “Tesouros de Macau”, de Vasco D’Orey Bobone pelo Turismo de Macau convidado a retratar a cidade enquanto património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), seguido da projeção da série documental bilingue “Portuguese in Califórnia”, de Nelson Ponta Garça.

No sábado, as atenções voltam-se para o “Festival Luso Talentos 2013”, que encerra com “Fado-GuZheng”, projeto que alia o instrumento chinês ao fado.

Sissy Zhou, professora de música tradicional chinesa em França, vai ser a intérprete do instrumento, que habituado a tons melancólicos, “se encaixa realmente” com o fado tradicional, disse. Ao lado de Sissy Zhou estará Irina Costa, vencedora da segunda edição do “Lusavox” na categoria do prémio do público.

“É diferente, mas as duas culturas já convivem (…). Costumo dizer que pode não ser o fado tradicional, mas é o fado como o entendemos”, disse a cantora.

Ao palco, e por várias vezes, vai subir ainda Andréa Luísa Teixeira, etnomusicóloga muito requisitada para os espetáculos como pianista e flautista.

“Tudo o que faço aqui é completamente diferente do habitual”, sublinhou Andréa Luísa Teixeira, acabada de regressar ao Brasil após um doutoramento em Lisboa, e que vai também acompanhar, ao piano, a leitura encenada da atriz Jacqueline Corado da Silva d’”As mulheres portuguesas vistas pelos viajantes estrangeiros”, uma compilação de testemunhos reais da atriz de “A Gaiola Dourada”, filme exibido, numa sessão única, no território.

 

Para a atriz, que está pela primeira vez na Ásia, tal como a maioria dos mais de 20 “luso talentos”, tal é “uma verdadeira mudança” nos seus referenciais, apesar de ser “sempre muito bom” para um artista sair “um bocadinho do eixo”.

O festival de sábado abre com “TRACES”, trecho do espetáculo criado e apresentado em Metz, sobre as memórias da diáspora através da dança de Sosana Marcelino e dos textos de Isabel Mateus retirados da obra “A terra do Chiculate. Relatos da Emigração Portuguesa”, numa peça com as duas mulheres que descobriram ter “muito em comum” nomeadamente ao nível da dicotomia entre o ‘cá e o lá’.

Cá vai ser, contudo, introduzido “algo de novo”, pegando-se num dos contos do Portugal Rural, livro bilingue da escritora radicada no Reino Unido, para fazer “uma pequena fusão ou paralelo”.

Haverá ainda divulgação da moda portuguesa pela mão de Sandrina Francisco e Geráldine Ribeiro, nos intervalos dos espetáculos, com a mostra, entre outros, de uma seleção de desfiles do Moda Lisboa, a apresentação da indústria têxtil e calçado português e do mundo do serviço de consultoria de imagem e exibição de 14 peças de estilistas como Fátima Lopes.

Paralelamente ao evento, a apresentadora do “Moda Portugal” Sandrina Francisco entrevistou criadores portugueses no território para um “Especial Macau” do programa, a ser posteriormente montado e transmitido na RTP Internacional e RTP África.

A iniciativa do Observatório dos Lusodescendentes termina no domingo.

 

DM // VM – Lusa/Fim

Foto LUSA: rua de Macau com o neme em português e tradução cpara chinês, 23 novembro de1999. AFP PHOTO/Frederic J. BROWN

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