( O conjunto de Fortificaçõs de Elvas está classificado pela Unesco como Património da Humanidade – bens histórico/culturais )
A configuração definitiva data do século XVIII e ocupa uma área total de sete hectares.
Além da recuperação da casa do governador e das casas dos oficiais, foram ainda repostas todas as cores originais da fortaleza e recuperadas todas as estruturas, nomeadamente a cisterna, a prisão, as galerias de tiro e a capela, onde foram descobertos frescos do século XIX, também eles alvo de intervenção.
As obras de requalificação do Forte da Graça, em Elvas, concluídas em 27 de Novembro deste ano, custaram de 6, 1 milhões de euros.
A fortificação, considerada a maior da Europa no seu género, passou a ser gerida no final do ano passado pela Câmara Municipal de Elvas, por cedência do Ministério da Defesa, estando previsto que o monumento receba cerca de cem mil visitantes por ano.
O Forte da Graça, também conhecido como Forte de Lippe, vai estar aberto ao público todos os dias entre as 10.00 e as 12.00 horas e entre as 14.00 e as 17.00 horas.
O Forte foi mandado construir por D. José I, no monte onde se encontrava a antiga capela de Nossa Senhora da Graça. O monte da Graça é um dos pontos mais altos da região, constituindo portanto um local de grande
importância estratégica.
O reduto era defendido por 1500 militares e por três ordens de baterias em casamatas, com canhoneiras.
Durante o cerco de Elvas (1658-1659), no contexto da Guerra da Restauração, o exército espanhol tomou o local e nele instalou uma posição de artilharia, a partir da qual atacou severamente a cidade.
A situação repetiu-se em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), quando Elvas foi novamente sitiada.
Finalmente, e logo em 1763, D. José I determinou a construção de uma fortaleza que permitisse completar o circuito defensivo da cidade. Do seu planeamento foi encarregado o Marechal Wilhelm
von Schaumburg-Lippe, mais conhecido como Conde de Lippe, que viera de Inglaterra no ano anterior, para colaborar na defesa do reino de Portugal.
Porta do dragão
A ermida de Santa Maria da Graça foi destruída, tendo a imagem da Virgem que guardava transitado para a capela do forte, donde veio a desaparecer mais tarde com as invasões francesas.
A obra foi muito exigente para a região, tendo nela trabalhado 4 mil homens, entre 1763 e 1792. O forte ficou de imediato conhecido como Forte de Lippe, e mais tarde, em 1777, por ordem de D. Maria I, por Forte de Nossa Senhora da Graça.
A edificação resistiu ao ataque das tropas espanholas durante a Guerra das Laranjas (1801), e ao bombardeamento que durou 82 dias, infligido pelas tropas francesas do general Soult, no contexto da Guerra Peninsular (1811).
O forte é uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, tanto pela originalidade das soluções aí apresentadas, como pela sua monumentalidade. É constituído por três linhas de defesa.
A parte mais exterior consta de um caminho coberto, defendido por canhoeiras, um hornaveque (do alemão hornwerk), composto por dois meios-baluartes ligados por uma cortina, e por um fosso seco,
com 10 metros de largo. Segue-se uma estrutura quadrangular com 150 m de lado, com quatro baluartes nos vértices. Os panos de muralha, ou cortinas, são cobertos por revelins e rasgados pela porta principal, denominada Porta do Dragão, a Sul, e por “portas posteriores” ou poternas, protegidas por canhoeiras. Entre as cortinas e o segundo fosso desenvolvem-se inúmeras dependências, incluindo casernas e outras edificações. O reduto propriamente dito é uma torre de planta octogonal, com pisos abobadados, constando de capela no piso térreo e Casa do Governador nos pisos nobres. Por baixo da capela existe uma notável cisterna.
Edição de:
30.Nov.2015