“Eu não posso dizer que seja uma despedida porque eu já não consigo viver sem os meus colegas, mas em tudo temos de ter um princípio e um fim. Isto é o fim de uma etapa. Em 15 anos na escola, tivemos muitos altos e baixos, mas faço uma avaliação extremamente positiva”, disse Edith Silva aos jornalistas, depois da homenagem que a Fundação da Escola Portuguesa e a comunidade local hoje lhe prestaram.
A mesma responsável garantiu que a escola é um todo e não apenas a sua presidente e vincou que a sua saída apenas se deve a motivos de saúde, pelo que, se a saúde permitir, promete “continuar a trabalhar para as gentes de Macau no setor da Educação” que é o que sabe fazer.
Na cerimónia, que também marcou o início do novo ano escolar com cerca de 500 alunos, estiveram presentes o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau, Cheong U, dirigentes dos Serviços de Educação, o cônsul geral de Portugal, Vítor Sereno, o presidente da Fundação da Escola, Roberto Carneiro, o antigo ministro da Educação Guilherme d’Oliveira Martins e professores e alunos da escola.
Roberto Carneiro salientou que Edith Silva, ao longo da sua vida profissional desempenhou os seus cargos com uma “sábia interseção de três amores nucleares: o amor a Macau e às suas gentes (…) amor à Educação que elege como sua grande prioridade profissional ao longo de cinco décadas; amor à língua e cultura portuguesas que ela cultiva, defende e divulga com invulgar tenacidade e visão estratégica”.
Já o cônsul-geral de Portugal sublinhou, além do excelente trabalho desenvolvido na sociedade de Macau, que Edith Silva “tem demasiado valor humano e profissional para ficar em casa” e apelou a que continue a dar o seu contributo à cidade, à cultura e língua portuguesas.
Em Macau numa viagem do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins, que foi ministro da Educação, foi portador de uma mensagem do atual titular da pasta, Nuno Crato, que “em nome do país, do Governo, do Ministério, dos professores portugueses e de todos os que prezam a educação e a cultura portuguesas”, agradeceu a Edith Silva o trabalho de “dezenas de anos em prol da educação dos jovens e da cultura portuguesa, na sua universalidade”.
Antes, Cheong U tinha endereçado a Edith Silva uma nota do seu gabinete, em que salienta que “ao longo dos últimos quarenta anos, com a sua dedicação à educação e à administração pedagógica de Macau, muito tem contribuído para o desenvolvimento educativo local”.
“O empenho posto nos assuntos sociais e na administração pública, com entusiasmo e persistência, agindo com excelente capacidade de liderança e ótima formação, são merecedores do meu elogio e da minha admiração”, escreveu o governante.
Natural de Macau, Edith Silva já desempenhou diversas funções no território, como diretora dos Serviços de Educação ou deputada à Assembleia Legislativa e é agora substituída à frente da escola pelo professor Manuel Machado.
JCS // VM – Lusa/Fim
Foto: Paulo Portas, quando Ministro dos Negócios Estrangeiros, e Maria Edith Silva, directora da Escola Portuguesa de Macau, 8 de julho de 2012, Macau. CARMO CORREIA/LUSA