Domitila Carvalho: a primeira mulher licenciada em Portugal

Extraído de estorias da historia

Domitila Hormizinda Miranda de Carvalho nasceu em 1871, em Travanca da Feira, Formou-se em Matemática, Filosofia e Medicina, na Universidade de Coimbra, sendo a primeira mulher a frequentar esta Universidade. Licenciou-se em Matemática, Filosofia e Medicina.

Fez os primeiros estudos em Castelo Branco, cujo liceu frequentou, tendo prosseguido estudos nos liceus de Bragança e Leiria.

Finalizado o ensino secundário requereu a matrícula ao Magnífico Reitor e tornou-se a primeira mulher, depois da reforma universitária de 1772, a ser admitida na Universidade de Coimbra, onde se matriculou em outubro de 1891. Como condição para a admissão, foi obrigada, por indicação do reitor, a trajar sempre de negro, com chapéu discreto e de um modo sóbrio para que não se evidenciasse entre os colegas masculinos, obrigatoriamente vestidos de capa e batina botoada.

Iniciou a frequência dos cursos de Matemática e Filosofia, os quais findou com distinção em 1894 e 1895, respectivamente. Matriculou-se de seguida no curso de Medicina e até 1896 foi a única aluna da Universidade. Quando se doutorou em Medicina, em 1904, com 16 valores, teve por madrinha a rainha D. Amélia.

Concluída a formação universitária, passou a exercer clínica em Lisboa, como médica na Assistência Nacional aos Tuberculosos, mas optou por incorporar-se num lugar como professora efetiva no Liceu de D. Maria Pia, a primeira escola secundária criada em Portugal para o sexo feminino. Para além de professora de Matemática, foi reitora do Liceu D. Maria Pia desde a sua fundação, em 1906, até novembro de 1912. Até à sua aposentação, continuou a lecionar Matemática no mesmo liceu, que Sidónio Pais elevou a liceu central em 24 de dezembro de 1917, com o nome de Liceu de Almeida Garrett e que mais tarde adotou o nome de Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho.

Paralelamente às suas atividades como docente e médica, dedicou-se à escrita, tendo publicado alguns livros de versos, também se dedicou à realização de conferências sobre assuntos literários e de educação.

Em 1936 foi nomeada vogal da direção da Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN).

Monárquica e conservadora, aderiu desde o início aos princípios político-ideológicos do Estado Novo, destacando-se no seio da pequena da elite feminina que apoiava o salazarismo nascente. Foi uma das primeiras três deputadas eleitas em Portugal ao integrar em 1934 a lista dos deputados escolhidos pela União Nacional para a I Legislatura da Assembleia Nacional.

Apesar de nunca ter casado e não ter filhos, demonstrou grande interesse pelas questões infantis e pela problemática da família. Na Assembleia Nacional, interveio sobre mortalidade infantil e esteve na origem da introdução de cursos de frequência obrigatória de higiene geral e de puericultura nos liceus e escolas do ensino secundário femininos. Participou também na discussão sobre a reforma educativa liderada por Carneiro Pacheco (1936), pronunciando-se a favor da obrigatoriedade de afixação do crucifixo nas escolas primárias e contra o ensino laico, responsável, segundo ela, pela desnatalidade que estava a assolar a Europa liberal.

Faleceu em Lisboa, a 11 de novembro de 1966.

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