O Pedro Lopes de Almeida terminou há um ano o seu doutoramento conosco na Brown University e está agora a lecionar na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, uma das mais conceituadas universidades públicas dos EUA. Numa conversa Zoom há dias, dava-nos conta (à Leonor e a mim) das suas experiências. Num estado onde não existem comunidades portuguesas, descobriu entre os seus alunos dois gémeos (um casal) netos de portugueses, de sobrenome “Mira”. O avô deles emigrou de Portugal Continental para o Canadá e fundou ali uma empresa MiraTon, mas mudou-se depois para a Flórida e finalmente Carolina do Norte, mudando também o nome da firma para para TekTon.
Então eu disse ao Pedro: quando voltar a encontrar os seus alunos, conte-lhes que conheci muito bem o seu avô, Manuel Mira. Fui com ele membro da direção da PALCUS (Portuguese-American Leadership Council of the United States). Durante muitos anos tivemos reuniões mensais via telefone (era antes da pandemia e o Zoom não estava generalizado) e encontrávamo-nos no congresso anual da PALCUS realizado anualmente em diferentes cidades norte-americanas. Interessou-se muito pelos Melungeons – uma pequena comunidade das montanhas da Carolina do Norte que se reclama de origem portuguesa, mas cuja origem ninguém consegue identificar exatamente, embora haja várias teorias.
Manuel Mira era um investigador amador (faleceu há cinco anos) e publicou por sua conta um livro (uma edição portuguesa e outra inglesa) sobre essa comunidade forçando um bocado (do meu ponto de vista) a tecla em algumas facetas da presença portuguesa na América do Norte. O livro é um potpourri que trata também de inúmeros outros assuntos relacionados com essa temática. O seu patriotismo suplanta por vezes a evidência produzida em favor das suas crenças. Mas tem os seus méritos pelo facto de reunir muita informação avulsa com interesse.
Mais um exemplo de como o mundo lusófono é um small world piccolo mondo.
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Onésimo Teotónio Almeida
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