Lisboa, 07 fev (Lusa) – Os portugueses ou lusodescendentes a residir no estrangeiro têm, a partir de hoje, uma plataforma digital para aprendizagem de português, desde o ensino básico ao secundário, que pretende garantir a sua ligação à língua portuguesa enquanto estão emigrados.
A plataforma de ensino à distância “Português mais perto”, da Porto Editora, pretende sobretudo apoiar “crianças e jovens que iniciaram o percurso educativo em Portugal e, em virtude da emigração temporária dos pais, se encontram a residir no estrangeiro, tendo no seu horizonte voltar ao sistema escolar português”, anunciou o Camões – Instituto da Língua e da Cooperação Portuguesa, na apresentação hoje desta ferramenta digital.
Nesta modalidade, a plataforma disponibiliza ensino de português como língua materna para todos os níveis, a pensar nos filhos de emigrantes de curta duração.
Entre 2011 e 2015, 500 mil portugueses saíram do país e, desses, 285 mil regressaram a Portugal num período inferior a um ano, adiantou o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
A plataforma oferece também ensino de português como língua de herança, ou seja, para estudantes que aprendem a língua portuguesa nos países de acolhimento.
A oferta passa por aulas, que podem ser ou não acompanhadas por tutores, e com testes, para avaliar o grau de conhecimento dos alunos. A inscrição anual varia entre 40 e 90 euros, consoante a opção de ter tutor ou não.
Na sessão, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, deixou um desafio: que seja criada uma versão de conteúdos digitais a pensar no “número crescente de pessoas para quem o português não é nem língua materna nem de herança, mas que estão interessadas em aprender português”.
Um desafio que o administrador da Porto Editora, Vasco Teixeira, admitiu que pode estar no horizonte da empresa, no próximo ano.
Santos Silva destacou a “enorme vantagem” da “indústria 4.0”, que permite “aproveitar ao máximo os novos processos e novos instrumentos do movimento de digitalização”, ao mesmo tempo que permite “minimizar os custos”.
A presidente do Camões, Ana Paula Laborinho, destacou que a ferramenta “pretende potenciar o ensino do português e não substituir-se à rede” de ensino de português no estrangeiro, que tem 312 docentes, com 11 coordenações de ensino, além de prestar apoio a quase 600 professores, principalmente nos EUA, Canadá e Austrália.
“Mas, mesmo assim, a rede não consegue responder a todas as geografias onde há vontade de aprender português como língua materna ou língua de herança”, disse, acrescentando que perante a “dispersão geográfica e a impossibilidade de estender a rede”, a aposta passa pelos recursos digitais.
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