Diretor-executivo do Instituto da Língua defende uniformização do português escrito

Lisboa, 06 dez (Lusa) – O novo Diretor-executivo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Incanha Intumbo, ressalvou a importância do Acordo Ortográfico Comum de 1990, ainda por adotar por alguns países lusófonos, e defendeu a uniformização do português escrito.

Intumbo, que foi hoje empossado em Lisboa, referiu que o Acordo Ortográfico ainda conhece “resistências” e revelou que o IILP desenvolverá uma tarefa de “sensibilização” junto dos países-membros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que ainda não adotaram a convenção.

O linguista e investigador assinalou a importância de “uniformizar a escrita” e do “vocabulário comum”.

“É importante estarmos na mesma linha de entendimento”, acrescentou, referindo que “há comunidades com tendências conservadoras, mas a língua é como um ser vivo: evolui”.

Dos nove países da CPLP, apenas quatro Estados ratificaram o acordo: Cabo Verde, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal.

O novo editor executivo do IILP, natural da Guiné-Bissau e formado em Coimbra, lembrou que o português é a língua mais falada no hemisfério sul.

Por essa razão, Intumbo preconiza que a língua portuguesa possa ser língua de trabalho no espaço lusófono, uma tarefa a que se vai propor no mandato de dois anos como editor executivo do ILLP.

Como acentuou, o ILLP vai tentar “influenciar os países e as comunidades” que fazem parte da CPLP para “adotarem o português como língua de trabalho”.

“Alguns organismos regionais já adotaram o português como língua de trabalho e outros não, trabalhando com tradutores e intérpretes. É importante conhecermos o nosso vocabulário e podermos estar no mesmo nível de entendimento”, declarou.

O Acordo Ortográfico foi assinado pelos países de língua oficial portuguesa e pretende unificar a ortografia da língua portuguesa.

Esta convenção foi assinada a 16 de dezembro de 1990 em Lisboa, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras, delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe e, posteriormente, por Timor-Leste.

Incanha Intumbo disse que vai ter de estudar “os dossiês pendentes e os em execução” no IILP no seu mandato, no qual possa dar “um cunho pessoal” para tornar “mais visíveis as atuações” nesta instituição da CPLP.

“O que é importante é tentarmos quanto possível, com os meios de que dispomos, promover a língua, fazer mais gente conhecer a nossa língua, a nossa cultura, fazer as pessoas interessarem-se pela língua portuguesa, cativar mais falantes, mais universidades, ensinar português a mais empresários, para irem às nossas comunidades investirem”, disse.

O editor executivo referiu ainda que o ILLP vai “insistir na criação das comissões nacionais, porque há países não têm, dar algum impulso ao vocabulário ortográfico nacional, para daí se continuar a elaboração do vocabulário ortográfico comum”, com o objetivo de “conhecer, talvez ‘brincar’, com a diversidade da língua portuguesa”.

A cerimónia de posse do novo responsável do IILP decorreu hoje na sede da CPLP, em Lisboa, com a presença da secretária-executiva da organização, Maria do Carmo Silveira, e de representantes dos Estados-membros e de países com estatuto de observadores associados.

JOP // JH – Lusa/Fim
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