Dilma na ONU: sem complexo de vira-lata

Na abertura da Assembléia Geral da ONU, ao falar para o mundo, Dilma destacou a condição feminina e a especificidade do Brasil no mundo. Emocionou-me a menção que a presidenta fez à lingua portuguesa. Lembrei-me de certo presidente (brasileiro, até prova em contrário) que foi à França e preferiu falar em Francês (!) na Assembléia Nacional daquele país. Era o presidente que certa elite brasileira considerava ”cosmopolita”. Um cosmopolita que preferia falar em francês. Terminou o discurso dizendo “Vive la France!!”. Patético.

Dilma não só falou em Português, como falou sobre as especificidades do mundo que fala Português. Usou o idioma como gancho para lembrar de palavras que são “femininas” na Língua Portuguesa: alma, esperança, vida.

Mas o discurso na Assembléia Geral da ONU não foi importante (só) por isso. Foi importante porque Dilma se diferenciou da baboseira (neo) liberal que ainda sobrevive no chamado mundo desenvolvido (e sobrevive também entre “colunistas” e “analistas” que pensam o Brasil feito girafas: têm os pés na América do Sul e a cabeça em Londres ou Washington). Dilma falou na necessida de controlar capitais. Os colunistas de economia brazucas devem ter sofrido uma síncope nervosa. Controle? Capitais devem ser livres. Controle, só para as pessoas.

Dilma foi corajosa ao falar da crise econômica, ponderada ao defender o Estado Palestino e firme ao reafirmar a necessidade de reformar a ONU e as instâncias decisórias mundiais.

Dilma foi a primeira mulher a abrir a Assembléia Geral da ONU. Mas o discurso dela foi histórico por muitos outros motivos. Lembrou-me a frase lapidar de Chico Buarque, ao dizer, na reta final da eleição de 2010, porque apoiaria Dilma: “é um governo que fala de igual para igual, não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai”.

Aqui, no VioMundo, o discurso na íntegra.

E, abaixo, uma pequena seleção dos trechos que considero mais relevantes.

CONDIÇÃO FEMININA – IGUALDADE E ORGULHO

“Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo. É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.”

LÍNGUA PORTUGUESA – ESPERANÇA E CORAGEM

“Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.”

 

FONTE: Planetaosasco

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