Deputado socialista contesta ministra francesa que considera o português uma língua “rara”

O deputado socialista Paulo Pisco contestou hoje que o português possa ser considerado uma língua “rara”, como afirmou a ministra francesa do Ensino Superior para defender que não é “indispensável” que esteja em todas as universidades.

Numa carta publicada no sítio do jornal Mediapart, com versões em francês e português, Paulo Pisco, deputado do PS eleito pelo círculo da Europa, insurge-se contra as declarações da ministra Geneviève Fioraso, em entrevista ao mesmo órgão de comunicação social, contrapondo que o português é uma língua atualmente falada por mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo.

“São declarações que revelam um misto de preconceito e de desconhecimento da língua e da cultura portuguesa e apenas confirmam as dificuldades que lhe têm sido criadas no sistema de ensino francês nos últimos anos, não obstante haver uma procura cada vez maior do português, o que é um indicador que não deveria de ser negligenciado”, sustenta Paulo Pisco.

Além de lembrar que o português é a terceira língua europeia mais falada no mundo, o deputado destaca que em todos os continentes se fala português o que não acontece com quase nenhuma outra língua.

Pisco recorda, por outro lado, a relação “fraterna indestrutível” entre Portugal e a França, que leva, diz, os portugueses radicados naquele país a cantarem a Marselhesa com o mesmo fervor com que cantam o hino nacional, a Portuguesa, num gesto que revela a ligação profunda que os une ao país que escolheram para viver.

“Não investir e valorizar adequadamente o português nos vários níveis de ensino, que efetivamente está presente em muitas universidades francesas, não será a melhor opção para a França, porque estará assim a desperdiçar um importante instrumento da sua afirmação no mundo globalizado em que hoje vivemos”, adianta o deputado.

Na resposta à ministra Fioraso, intitulada “o português não é uma língua rara”, Paulo Pisco sugere que a França devia dar à língua portuguesa a importância que realmente tem, em vez de a desvalorizar.

“Seria um gesto que demonstraria visão, que honraria a nossa longa e forte amizade e seria um merecido reconhecimento para com as várias gerações de portugueses que sempre deram o seu melhor pela França”, conclui o deputado socialista,

 

NV //JMR.

Lusa/Fim

Foto: LUSA – Exposição “Fernando Pessoa – Plural como o Universo”, Rio de Janeiro, 25 de março de 2011. JUAN GUERRA/LUSA

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