Foto: Raúl Alves Calane da Silva
“É um debate que não tem razão de ser absolutamente nada. As pessoas quando não estão informadas sobre o que realmente está a acontecer andam por aí a dizer coisas”, disse Raul Calane da Silva, que falava à Lusa no final da XI reunião ordinária do conselho, que aconteceu nos últimos três dias na capital cabo-verdiana.Praia, 11 mai (Lusa) – O presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) disse hoje à agência Lusa que o Acordo Ortográfico “não corre nenhum risco” e que o debate sobre a questão “não tem razão de ser”.
“Temos consciência que os políticos estão aí e são eleitos para conduzir, mas muitos deles estão mal-informados e vão mais para os egos inflamados em relação a determinados assuntos do que aquilo que é o interesse de uma comunidade cada vez mais vasta”, prosseguiu.
“É preciso ter consciência absoluta e profunda do valor desta comunidade e da necessidade absoluta de termos uma ortografia comum – ninguém está a falar da fonética – de modo que nos organismos internacionais possamos escrever da mesma maneira e possa ser também língua oficial nesses organismos”, continuou.
A questão de uma eventual reavaliação do Acordo Ortográfico foi levantada pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a sua visita na semana passada a Moçambique.
O tema mereceu críticas do ministro da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, que defendeu que qualquer decisão relativa ao Acordo Ortográfico deve ter base científica e não resultar de opiniões de políticos “transitoriamente nos cargos”.
E também da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o secretário-executivo, Murade Murargy, a dizer que não há volta atrás na questão do Acordo Ortográfico, considerando desnecessário o debate gerado nos últimos dias em torno desta questão.
Por seu turno, o ministro das Relações Exteriores angolano, Georges Chikoti, afirmou que Angola e Moçambique registaram alguns progressos para a ratificação do acordo, mostrando confiança em torno de um consenso.
Em declarações hoje à Lusa, Raul Calane da Silva reconheceu que alguns países se atrasaram na criação dos Vocabulários Ortográficos Nacionais (VON), mas que durante a reunião na cidade da Praia foi criado um conselho de especialistas para acompanhar a implementação do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) da Língua Portuguesa e resolver casos omissos.
“(O Acordo Ortográfico) não corre e nem pode correr nenhum risco”, prosseguiu, ressalvando que o acordo foi assinado pelos Estados que integram a CPLP, em 1990, e que já foi ratificado pela maioria dos parlamentos nacionais dos países da comunidade.
Em Moçambique, a norma aguarda ratificação pelo parlamento e em Angola não foi regulamentado a nível governamental, notou o responsável.
“Não é preciso levantar polémica só porque há atrasos em Angola. Vamos avançar. Estamos calmos”, terminou o presidente do Conselho Científico do IILP, instituto que tem sede na cidade da Praia.
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