“ Dar mais Vida aos Anos” ao longo do Tempo

O contributo da Otorrinolaringologia

Apresentação dos trabalhos do Projecto Pedagógico da Cadeira de ORL (Webinar)

Apoio de Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa, Departamento de Educação Médica da Faculdade de Medicina de Lisboa(DEM), Instituto de Saúde Ambiental da FMUL (ISAMB), Unidade de Tecnologias de Informação da FMUL e de Observatório da Língua Portuguesa

Da dimensão da Lusofonia nas áreas da Educação e Saúde

Annabela Rita

Universidade de Lisboa – Faculdade de Letras

Observatório da Língua Portuguesa

 

Uma saudação geral nesta fase conclusiva do encontro, felicitando todos por ele. Permitam-me que destaque, pessoalmente, os Professores Óscar Dias e Mário Andrea, que abrem e encerram o encontro, sinalizando a passagem do testemunho geracional tão importante na viagem do conhecimento “aos ombros dos gigantes” (título de Stephen Hawking convocando imagem de Bernardo de Chartre).

Agradeço ao Professor Doutor Óscar Dias o honroso convite para intervir agora. É com muito gosto que aqui estou a representar o OLP, associação sem fins lucrativos presidida pelo Embaixador Lauro Moreira e nascida do sonho de Francisco Nuno Ramos, associação que a Google convidou a integrar a Google Arts & Culture. 

Na imagem de cartaz do programa deste encontro, consagra-se um símbolo transversal a todas as culturas: a árvore da vida. Árvore que é centro do mundo, ligação entre os diferentes níveis do real, ligando a terra ao ar, o sub-mundo aos céus e o homem aos seus deuses, sinalizando o caminho do sonho, da utopia, da esperança. Mas também é a representação do Homem, não apenas desse homem vitruviano, geometrizado em quadratura do círculo segundo o mágico e enigmático phi, mas de cada um de nós, em comunidade, entre a consciência das circunstâncias e o anseio pela sua ultrapassagem, por aquilo que Mário de Sá-Carneiro confessou no poema “Quase”:

Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.

Ora, este encontro marca mais uma etapa de um itinerário de realização de um sonho: o sonho do Professor Doutor Óscar Dias e dos Colegas e Estudantes que o acompanham, movidos por essa ânsia de mais além na origem da diáspora humana, ânsia na origem da lusofonia, essa comunidade de afectos que elegeu uma figura mítica (LUSO) como prefixo, esse suposto filho ou companheiro de Baco, o deus do vinho e do furor… Refiro-me ao sonho de partilha celebratória de saberes e de experiências entre estudantes (que todos nós somos pela vida fora, alunos, investigadores e professores) e academias. Um sonho de melhores e mais convividas Saúde e Educação. Um sonho desenvolvido com paixão e expandido na geografia com o auxílio das novas tecnologias. Um sonho embebendo o ciberespaço…

O conhecimento, no seu duplo sentido de processo e de resultado (sempre provisório), não é neutro, mas moldado pelos sentidos como a Arte tem lembrado, pela nossa subjectividade. Aqui e agora, ele está marcado pela língua portuguesa que se mescla amorosamente com tantas pelo mundo fora, língua de onde se vê o mar (Vergílio Ferrreira) que evidencia a sua diversidade polifónica e um número de falantes em exponencial crescimento. E está marcado pelo ‘furor’ com que é vivido, esse mesmo ‘furor’ que se exprime na épica, onde o herói enfrenta todas provas, ‘furor’ que se exprime também na ‘festa’ da vitória. Este encontro, como os precedentes, afirma-o de forma emocionada e emocionante e projecta-se na sua continuidade.

A viagem já realizada é conhecida e o OLP tem dado notícia dela: desde a colaboração com o Centro Ciência Viva de Sintra e com o Pavilhão do Conhecimento até ao alargamento à Lusofonia e aos dois Projectos Pedagógicos da ORL “Dar Vida aos Anos” (no 5º ano) e “A ORL e o Tempo” (no 4º ano). 

As Universidades lusófonas que, em diferentes continentes, se estão a associar, respondendo e correspondendo ao convite do Professor Doutor Óscar Dias e alargando a rede de diálogo e colaboração, demonstram bem que esta é uma contribuição fortíssima para o reforço do sentido e da vivência da lusofonia na Saúde e na Educação: as comunidades formam-se e transformam-se, na prática quotidiana, mas também no modo como se imaginam, pois somos, acima de tudo, seres imaginantes (Edgar Morin). Ora, essa imaginação gera as comunidades e os seus saberes. No caso, a ciência e, nela, a descoberta da vida, sobre ela e para ela. Aí está um objectivo que nos fraterniza e nos motiva. A sessão de hoje emocionou por isso. 

E, se o mito nos esfuma as origens e os (des)afectos a existência, o objectivo, esse, é o norte magnético para o futuro. Entretanto, a ORL cuidará de que possamos ouvir a música das esferas e o canto das sereias enquanto buscamos resolver os enigmas da Esfinge que a existência nos vais apresentando…

Num mundo globalizado, em mutação, à deriva (segundo muitos), essa vectorização constitui-nos como comunidade lusófona, confere-nos identidade, faz-nos sentir em cúmplice companhia, com mais coragem e entusiasmo para enfrentar os dragões que suspeitamos além.

Felicitações efusivas a todos os que tornaram possível este encontro na pessoa do seu timoneiro: o Professor Doutor Óscar Dias, que muito me honrou com o convite para estar aqui. Uma saudação muito especial do Observatório da Língua Portuguesa a todos os que estão a contribuir, através de partilhas como esta, para um mundo efectivamente fraterno bordado pela cartografia lusófona. 

Até ao próximo encontro! E Boas Festas!

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