Crianças sem domínio do português na Huíla devem ter aulas bilingues.

Luanda, 04 nov 2021 (Lusa) – Um responsável da educação na província angolana da Huíla defendeu hoje a implementação de um sistema de ensino bilingue, “sobretudo em zonas mais recônditas” da província, onde grande parte das crianças não domina a língua portuguesa.

Benício Puna, coordenador provincial da Zona de Influência Pedagógica (ZIP) da Huíla, afirma que “uma das grandes preocupações é o reforço de ações de ensino, particularmente nas zonas mais recônditas em que boa parte das crianças não se expressa em português”.

“A nossa perceção é que os professores que são colocados, por exemplo naquelas zonas, devem também ter um certo domínio da língua local, porque sabemos que muitas vezes as crianças aprendem com maior eficácia nessa combinação entre o português e a sua língua local”, disse hoje o responsável à Lusa.

Segundo o coordenador da ZIP-Huíla, com o ensino bilingue (em língua portuguesa e línguas locais) “facilmente as crianças deverão absorver os conhecimentos e, consequentemente, serem mais produtivas”.

Luanda, capital angolana, acolhe, desde quarta-feira até sábado, um ciclo de formação que visa reforçar as competências dos professores das 18 províncias angolanas sobre a prática pedagógica de Língua Portuguesa, Matemática e outros domínios.

Para Benício Puna, é preciso que a ação de formação tenha “mais valências metodológicas” para ser possível apoiar melhor aqueles professores que estão a mais de 400 quilómetros da sede municipal do Lubango.

“Muitas vezes são os professores que pouco frequentam as zonas urbanas onde o português é muito mais ativo”, comentou, além de apontar a “situação da transumância” e “a mobilidade das crianças hoje à procura de melhores condições”.

“Tendo em conta também a crise que vamos vivendo e é preciso que essas crianças estejam mais bem munidas para que possam aprender o português e nós entendemos ser esta uma grande preocupação”, insistiu.

O Umbundu e o Nhaneca Humbi são algumas línguas angolanas faladas na província da Huíla, sul do país.

De acordo com a Constituição angolana, a língua oficial da República de Angola é o português, mas o Estado “valoriza e promove o estudo, o ensino e a utilização das demais línguas do país”.

A formação dirigida aos professores do ensino primário e secundário, diretores de escolas e demais agentes do processo de ensino e aprendizagem é uma iniciativa do Ministério da Educação de Angola, no âmbito do Projeto Aprendizagem para Todos (PAT), financiado pelo Banco Mundial.

DYAS // JH – Lusa/Fim

População atingida pela seca. do município dos Gambos, 150 quilómetros a sudeste da capital da Huíla, Lubango, Angola, 11 setembro 2019. AMPE ROGERIO / LUSA
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