O número de estrangeiros que fazem o exame para obter o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa, o Celpe-Bras, tem crescido constantemente, tendo subido 25, 85 por cento entre abril e outubro deste ano, segundo dados do Governo brasileiro.
O exame, criado em 1998, é aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição subordinada ao Ministério da Educação brasileiro, e pode ser realizado em 48 países, além de 21 postos dentro do Brasil.
O número de estrangeiros inscritos para realizar a próxima prova, que será aplicada em outubro, é de 5.709, face aos 4.536, de abril, e os responsáveis garantem que esse aumento tem sido constante.
De acordo com alguns dos responsáveis pela aplicação do exame no Brasil, ouvidos pela Lusa, o principal público da prova são profissionais interessados em atuar no país ou em realizar cursos de pós-gradução em universidades brasileiras.
“Com certeza, para esse aumento, conta a posição de destaque do Brasil no cenário internacional nos últimos anos”, observou à Lusa uma das coordenadoras da unidade aplicadora do Celp-Bras no Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com estudos realizados pela unidade, somente no posto da UFRJ, o número de estrangeiros a realizar a prova passou de 79, em abril de 2010, para 275, em outubro de 2013, apresentando um crescimento de 145 por cento, com presença de candidatos de todos os continentes.
A subida mantém-se mesmo quando consultados postos de regiões menos turísticas do país, como é o caso da Universidade Federal do Pará (UFPA), na região norte do Brasil.
“Somos unidade aplicadora do Celpe-Bras desde 2006, e vemos que o número tem aumentado, passamos a atrair interessados de regiões próximas, que se deslocam para fazer a prova”, contou à Lusa Rosana Assef, coordenadora do programa no Pará.
No caso da UFPA, o exame está vinculado à receção de alunos estrangeiros no programa de pós-graduação PEC-G, que oferece bolsas a estudantes estrangeiros africanos e latino-americanos.
Nesses casos, o estudante chega em março ao Brasil e passa sete meses estudando apenas o português, para realização da prova de outubro. Somente após comprovar a proficiência na língua é que o candidato estará apto a solicitar a bolsa de pós-graduação oferecida pelo Governo brasileiro, explica Rosana.
A prova é a mesma em todas as unidades, inclusive as do exterior, que são aplicados com o apoio do Ministério das Relações Exteriores brasileiro e regressam para serem corrigidas por examinadores do Inep, em Brasília.
O exame, composto por uma fase escrita e uma entrevista, feita individualmente, visa testar a capacidade de compreensão oral e escrita do candidato.
“Na primeira tarefa eles assistem a um vídeo e podem tomar anotações e, quando terminam, precisam escrever sobre o que viram. Os que conseguiram captar bem as ideias conseguem escrever bem”, explica.
Os candidatos ouvem ainda um áudio, sem imagens, sobre o qual terão de escrever, e realizam ainda outras duas tarefas, a partir de textos, além da entrevista individual para a prova oral.
A prova é única e o nível é conferido de acordo com a pontuação obtida, que pode variar entre 0, 0 e 5, 0, sendo que abaixo de 2, 0, o candidato não é aprovado.
“Para os estudantes de pós-graduação basta comprovar o nível intermediário [pontuação entre 2, 0 e 2, 75], mas para profissionais como médicos, por exemplo, é exigido o nível superior e muitos precisam refazer, é uma prova com grande nível de exigência”, observa Rosana.
FYRO // MLL – Lusa/fim
Foto: LUSA – Barco na praia de Meireles, Fortaleza, Brasil. 21/06/2013. EPA/FERNANDO BIZERRA JR