Lisboa, 18 jul (Lusa) – O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendeu hoje que a organização “não deve ficar refém da nostalgia” do português e que a aposta na vertente económica “não é uma questão de mercado ou moda passageira”.
“Ao consagrar-se a vertente económica e empresarial no projeto de declaração sobre a nova visão estratégica não é uma questão de mercado ou de moda passageira”, disse o responsável da CPLP, Murade Murargy, referindo-se à proposta sobre o futuro da organização, que deverá ser aprovada na próxima cimeira, prevista para novembro, no Brasil.
O diplomata moçambicano, que falava na sessão solene de comemoração do 20.º aniversário da comunidade, na sede, em Lisboa, sublinhou que a CPLP “não pode ficar alheia às tendências estratégicas mundiais, regionais e sub-regionais que caminham para aceleradas integrações políticas e económicas”.
“A CPLP não deve ficar refém da nostalgia da língua portuguesa e deixar de aproveitar as oportunidades que o mundo multipolar contemporâneo nos oferece, tanto em conexões como em oportunidades de criar cadeias de valor”, sustentou Murargy.
Antes, o secretário-executivo referira que a língua portuguesa, “o grande pilar da união e património comum”, tem uma projeção crescente, quer nos Estados-membros, onde reúne cerca de 260 milhões de falantes, nas diásporas e em Estados terceiros, através dos observadores associados (ilha Maurícia, Senegal, Namíbia, Japão e Turquia).
“A língua portuguesa é transversal a todos os nossos domínios de cooperação: a implementação de projetos nas mais diversas áreas de atividade, sempre no nosso idioma comum, vai contribuir para a afirmação da língua, em termos práticos, junto dos nossos povos e de populações de Estados terceiros”, disse.
Hoje, continuou, a língua portuguesa “cruzou as fronteiras, atravessou montanhas como um longo rio para se transformar num património universal” e também os cidadãos da CPLP deveriam “ser como esse rio, atravessando fronteiras sem constrangimentos ou entraves à sua circulação”.
Murade Murargy reiterou que “a maior aproximação da CPLP aos cidadãos passa também pela mobilidade e circulação de pessoas, de bens e do conhecimento, fomentar o crescimento económico, incentivar o diálogo e a interação entre os povos”.
No pilar da cooperação, o secretário-executivo reconheceu que é “ainda ténue a interação” com organismos como a Assembleia Parlamentar da CPLP, a Confederação Empresarial ou os cerca de 50 observadores consultivos, defendendo ser necessária “uma arquitetura institucional que responda às exigências do presente e do futuro”.
A nível da cooperação político-diplomática, o terceiro pilar da organização, Murargy salientou que “é inquestionável” a sua afirmação no cenário internacional.
Para o futuro, o responsável sublinhou a necessidade de reconhecer a importância da juventude: “Devíamos criar para os nossos jovens oportunidades de formação escolar, técnica e cívica, contribuindo de forma ímpar e ativa para a construção do seu próprio destino e do futuro do país”.
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