Em declarações à Lusa à margem da primeira conferência sobre e-government no espaço lusófono, hoje em Lisboa, Manuel Lapão resumiu os quatro dias de trabalho das delegações, que culminaram hoje na conferência aberta ao público, sublinhando que “o sentimento geral de todos os Estados membros é o de que as tecnologias devem ser verdadeiramente adequadas às necessidades reais dos países tendo em conta os seus patamares de desenvolvimento, porque há muitas empresas mundiais vendedores deste ‘software’ que apresentam capacidade que podem ser adquiridas pelos Estados e depois não são exploradas na sua plenitude”.
Os representantes de todos os países lusófonos, com exceção da Guiné-Bissau devido à indefinição política, concordaram que é preciso avaliar “se ter a tecnologia adequada ao contexto de cada um não é mais adequado do que comprar um pacote integrado que depois não tem aplicação concreta e global”.
O tema do governo eletrónico, da ligação entre os serviços públicos e os cidadãos e a troca de experiências de sucesso foram os principais temas em destaque no encontro que hoje decorre em Lisboa.
“A conferência é o epílogo de quatro dias de trabalho, em que cada um dos Estados membros apresentou o seu ‘estado da arte’, e percebeu-se claramente que quem tem experiências mais avançadas deve partilhar com os demais para que estes possam queimar etapas e estarmos todos nivelados”, resumiu à Lusa Manuel Lapão.
Entre os exemplos da cooperação, o responsável salientou, no caso português, a apresentação da Loja do Cidadão, “uma iniciativa que é do interesse de todos”, mas também a telemedicina e a gestão de escolas.
Questionado pela Lusa sobre os diferentes estádios de desenvolvimento dos países disse que Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste são os países com estruturas menos avançadas no domínio da governação eletrónica, elencando que quer Angola quer Moçambique têm desafios semelhantes ao nível da “descentralização administrativa” e na cobertura de vastos territórios, ao passo que Cabo Verde está empenhado no estudo do armazenamento de dados na ‘nuvem’ e o Brasil estuda o tratamento da informação do cidadão no seu acesso à Administração Pública.
Sobre Timor Leste, o responsável disse que o país não segue muito a linha da CPLP, mas quando debate com os restantes Estados membros, acaba por concluir que a linha CPLP é mais adequada ou melhor que a linha sugerida pelos seus parceiros internacionais da cooperação.
“Todas as bases de dados do Estado estão informatizadas, mas o acesso do cidadão a essa informação ainda tem um certo défice, nomeadamente a partir de escolas e institutos, o que dificulta a viabilidade do governo eletrónico, uma vez que não há operabilidade ao nível do que a administração pretenderia”.
A quarta reunião dos Pontos Focais de Governo Eletrónico da CPLP (a vertente mais técnica dos trabalhos) e a segunda Conferência CPLP de Governo Eletrónico deverão realizar-se em Angola ou em Cabo Verde em 2014.
Fonte: Notícias ao minuto