O chefe da diplomacia brasileira disse hoje que CPLP encontrará solução de consenso

Lisboa, 16 mar (Lusa) – O chefe da diplomacia brasileira disse hoje que os países membros da CPLP encontrarão uma solução de consenso para a escolha do novo secretariado executivo do bloco lusófono, face à polémica sobre o processo de eleição para o cargo.

“Saberemos todos encontrar uma solução de consenso para a sucessão do secretariado executivo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) que valorize este património comum e que ponha em evidência justamente as grandes bases, os grandes pontos de partida da organização, que são a promoção do idioma, que é um tesouro comum a todos, a cooperação e a concertação”, afirmou.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, falava à imprensa depois de uma reunião com o Presidente da República português Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.

“Eu tenho a certeza que não faltará habilidade para os países membros da CPLP para encontrar uma solução que seja adequada para todos os países”, acrescentou ainda o ministro brasileiro.

Mauro Vieira está em Lisboa para participar na XIV reunião extraordinária do Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e, apesar de não figurar na agenda, a escolha do próximo secretário executivo da organização deverá dominar parte dos trabalhos desta reunião, que decorre na quinta-feira.

Na cimeira da CPLP no Brasil, que decorrerá em julho, deverá ser escolhido o sucessor do moçambicano Murade Murargy, que terminará o segundo mandato de dois anos, e Portugal já manifestou intenção de propor um nome, invocando os estatutos da organização, segundo os quais “o secretário executivo é uma alta personalidade de um dos Estados membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos Estados membros por ordem alfabética crescente”.

O Governo português considera que “compete agora a Portugal assumir a responsabilidade de apresentar a candidatura a secretário executivo” e o país “não enjeita, naturalmente, essa responsabilidade, estando disponível para exercê-la”, disse à Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Por outro lado, São Tomé e Príncipe anunciou que vai apresentar um candidato ao cargo, mas afirmou que esta candidatura não será contra Portugal.

Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe transmitiram que os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e também a Guiné Equatorial consideram que Portugal não deve assumir o cargo de secretário executivo por ser o país que acolhe a sede da CPLP e, como tal, ter o maior número de funcionários, e invocam a existência de um “acordo verbal” nesse sentido, que Portugal diz desconhecer.

Sobre a CPLP, Mauro Vieira disse ainda que “é um órgão, um clube muito especial, muito exclusivo, um património muito grande dos seus membros e baseado sobretudo na divulgação do nosso património comum que é a língua portuguesa. É um foro muito importante de concertação política, de promoção da cooperação e da articulação (entre os países membros)”.

“Acho que é um foro que tem atraído a atenção de muitos países, basta ver o número de países que estão na CPLP como observadores e que não são de expressão portuguesa. Creio que é algo que temos de valorizar muito e temos que valorizar justamente esta unidade”, acrescentou Mauro Vieira.

Na reunião com o Presidente português, o ministro brasileiro disse que ambos discutiram “as relações bilaterais, temas de interesse da agenda dos dois países” e que conversaram sobre a cooperação e os forte laços de amizade, históricos, culturais, sociais e económicos entre Brasil e Portugal.

“Vim trazer os votos pessoais da Presidente Dilma Rousseff (felicitações ao novo Presidente português) e também transmitir ao senhor Presidente da República o convite, no mês de julho, para a cúpula da CPLP, que se realizará em Brasília, e também para participar da cimeira luso-brasileira que se realizará na mesma ocasião”, declarou ainda Mauro Vieira.

CSR (JH) // EL – Lusa/fim

 

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