“A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem a obrigação de exigir por parte de qualquer país membro uma adesão verdadeira à língua, não pode ser uma coisa artificial”, disse Carlos Lopes à Lusa, quando questionado sobre a entrada da Guiné Equatorial na organização, no final de uma reunião, hoje em Lisboa, com a direção do Secretariado Executivo da CPLP.
Para o responsável da Comissão Económica para África das Nações Unidas, “houve uma discussão acalorada e um pouco emotiva” sobre a entrada do país – que fala, na sua grande maioria, o espanhol -, na CPLP, mas Carlos Lopes considera que “quando se estabelecem critérios para adesão numa determinada organização, têm de se cingir a esses”.
O responsável admitiu que “por vezes aparecem critérios adicionais que podem até ter mérito moral ou político, mas não são juridicamente os critérios para admissão”, referindo-se às críticas da comunidade internacional sobre a falta de liberdade de expressão e de ação política no país.
Sobre a expansão da CPLP, Carlos Lopes disse que “qualquer organização internacional tem como objetivo estender a sua influência e cobertura territorial” e acrescentou que não nota nenhuma diferença relativamente à forma como o país é olhado pela comunidade internacional desde que aderiu à CPLP.
“Não noto nenhuma diferença, o mais importante foi o debate sobre a pena de morte e eventual congelamento da legislação, mas não noto nenhuma diferença”, disse.
De passagem por Lisboa para participar nos Encontros do Estoril, que decorrem esta semana, o secretário-executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas, uma espécie de ‘think tank’ da ONU para África, destacou como principais iniciativas o apoio que tem dado aos países na preparação e estruturação das políticas económicas.
Carlos Lopes salientou, designadamente, o contributo para a “reflexão estratégica” feita com os responsáveis da Guiné-Bissau antes do encontro com os doadores, em Bruxelas, e “o apoio à equipa económica do Governo de Angola, que vem na sequência de pedidos formulados diretamente pelo vice-Presidente para que ajudássemos na formatação da discussão sobre o pós-petróleo”.
MBA // EL – Lusa/Fim
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– O presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang passa junto de um painel com bandeiras dos países da CPLP, no final da cerimónia de abertura da X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde foi chamado para a tribuna junto dos restantes estados-membros, em Díli, Timor Leste, 23 de julho de 2014. PAULO NOVAIS/LUSA