“Não podemos ter uma visão estática dessa comunidade [CPLP]. Ela não pode ser uma comunidade voltada para o passado, tem de estar voltada para o futuro, e não pode, portanto, ficar centrada naqueles que a fundaram e constituíram”, defendeu Passos Coelho.
O primeiro-ministro português falava durante um jantar oferecido pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, à comitiva portuguesa que participou hoje, em Maputo, na II Cimeira Moçambique-Portugal.
Em fevereiro, durante um encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), decorrido em Maputo, foi aprovada uma deliberação que recomenda a adesão plena da Guiné Equatorial, mas a decisão final só poderá ser tomada na próxima reunião de chefes de Estado e Governo da comunidade lusófona, agendada para julho.
Na base da decisão esteve a introdução de uma moratória de suspensão da pena de morte pelas autoridades da Guiné Equatorial, que foi aprovada apenas três dias antes do encontro ministerial, a 17 de fevereiro.
Hoje, num comunicado enviado à agência Lusa, a Amnistia Internacional acusou as autoridades de Malabo de terem executado pelo menos nove pessoas, 15 dias antes de o país ter anunciado a suspensão da pena de morte.
O país pode mesmo ter “executado todos os presos que se encontravam no corredor da morte”, refere o comunicado.
“Os nossos ministros dos Negócios Estrangeiros fizeram uma avaliação do roteiro seguido pela Guiné-Equatorial com vista à sua plena adesão e foram claras na sua recomendação de que, na próxima cimeira de Díli, os chefes de Estado e de Governo possam vir a tomar a decisão de produzir o primeiro alargamento da nossa comunidade”, disse Passos Coelho.
No seu discurso, Armando Guebuza expressou “satisfação” de Moçambique, que preside atualmente à CPLP, pela “determinação da Guiné Equatorial em se guiar pelos princípios e valores democráticos” defendidos pela comunidade.
“Esperemos que esta determinação nos ajude a tomar a decisão de acolher este país como o novo e nono Estado-membro da CPLP na próxima cimeira de Díli”, disse Armando Guebuza.
São atualmente Estados-membros da CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
EMYP // ARA – Lusa/Fim
Fotos:
– O Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza (D), discursa durante a sessão de abertura de um seminário empresarial, acompanhado pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho (2-D), em Maputo, Moçambique, 27 de março de 2014. ANTÓNIO SILVA / LUSA
– O primeiro-ministro de Portugal Pedro Passos Coelho (E), e o Presidente de Moçambique Armando Guebuza (D), durante os trabalhos da II Cimeira Moçambique-Portugal, Maputo, Moçambique, 26 de março de 2014. ANTÓNIO SILVA/LUSA