Santa Maria, Cabo Verde, 18 jul (Lusa) – O primeiro-ministro português, António Costa, defendeu hoje que a cooperação económica e empresarial “tem de ser a espinha dorsal” da CPLP, que descreveu como uma “grande ponte”, mais necessária do que nunca no quadro global.
António Costa falava na sessão de encerramento da XII Cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em Santa Maria, na ilha do Sal, Cabo Verde, desde terça-feira.
Num discurso de cerca de oito minutos, o chefe do Governo português realçou as decisões tomadas nesta cimeira “centradas nas pessoas”, defendendo que são os povos dos nove Estados-membros da CPLP que “unem estes países”.
Neste contexto, afirmou: “A par do aprofundamento da cooperação económica e empresarial, que tem de ser a espinha dorsal da CPLP, é essencial reforçarmos este primeiro pilar que são as pessoas”.
Quanto ao papel da CPLP no quadro global, o primeiro-ministro português referiu que esta comunidade de países celebrou na terça-feira o seu 22.º aniversário, acrescentando: “E hoje, mais do que nunca, no mundo em que vivemos, a CPLP é essencial”.
“Porque, num momento em que muitos põem em causa o multilateralismo, que põem em causa a supremacia do direito internacional, que progridem as ideias do protecionismo ou da xenofobia, mais do que nunca é necessária esta grande ponte que se estende do Brasil até Timor, unindo diferentes países que se expressam numa língua comum”, argumentou.
António Costa rejeitou que a CPLP seja vista como “uma alternativa” à participação dos diferentes Estados-membros noutras plataformas nos respetivos nos espaços em que se inserem, sustentando que, pelo contrário, uma das suas “grandes mais-valias” é precisamente a conjugação de países que “participam ativamente” em organizações regionais como o Mercosul, a União Europeia ou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
“É o facto de haver esta participação múltipla numa plataforma comum que nos permite a todos poder desenvolver uma ação mais relevante a nível internacional, a que se deve somar a cooperação triangular de que o Fórum Macau é exemplar, ou o diálogo que queremos prosseguir com a Secretaria-geral Ibero-Americana, com a Organização Internacional da Francofonia ou com a Commonwealth”, reforçou.
Por outro lado, o primeiro-ministro português defendeu que “investir e fortalecer o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)” deve ser “uma das prioridades” da presidência cabo-verdiana da CPLP nos próximos dois anos.
António Costa afirmou que Portugal tem “muito orgulho” em partilhar a língua portuguesa com os demais países lusófonos, fazendo dela “uma grande língua universal”.
“Esta é a língua em que se expressam 260 milhões e que brevemente serão 350 milhões de pessoas em todo o mundo”, salientou.
No que respeita aos cidadãos da CPLP, António Costa saudou as decisões tomadas nesta cimeira sobre juventude, igualdade de género, qualidade e acreditação dos cursos de ensino superior e mobilidade no espaço desta comunidade.
O primeiro-ministro apontou a exploração dos oceanos como “o grande desafio” para o século XXI e terminou a sua intervenção cintando o que ouviu dizer umas crianças “saudando a chegada do então primeiro-ministro António Guterres à ilha do Príncipe”.
“Acho que expressa muito bem aquele que é o sentido da CPLP: Nós somos vizinhos de tão longe, mas amigos de tão perto”, declarou António Costa.
Criada há 22 anos, a CPLP tem atualmente nove Estados-membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial – cuja adesão, em 2014, criou polémica.
Os presidentes da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que saiu antes até da sessão plenária, e do Brasil, Michel Temer, já não participaram nesta sessão de encerramento, que começou com perto de uma hora de atraso em relação à hora prevista.