Lisboa, 22 mai 2019 (Lusa) – O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse hoje à Lusa que a organização está a acompanhar “com preocupação” a situação na Guiné-Bissau, que “é complexa, com alguns focos de tensão”.
A CPLP “está a acompanhar com preocupação a situação na Guiné-Bissau”, que “é uma situação complexa, com alguns focos de tensão”, afirmou em declarações à Lusa, o embaixador Francisco Ribeiro Telles, considerando que não estão reunidas as condições para a visita de altos responsáveis da organização aquele país, que chegou a estar prevista.
Ribeiro Telles, secretário executivo da comunidade dos países de língua portuguesa desde janeiro deste ano, explicou que, neste momento, enquanto não existe uma representação permanente da CPLP em Bissau – retirada no passado por questões financeiras – há uma presença da organização naquele país, através do embaixador de Angola, que está presente na reunião da comunidade internacional, o chamado P5, que congrega a União Africana, a União Europeia, as Nações Unidas, CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDAO).
E assegurou que a CPLP tem acompanhado de perto o que se passa no país, através do diplomata angolano.
Neste momento, o P5 “está a preparar um comunicado sobre a situação atual” na Guiné-Bissau, que está a ser discutido em Bissau pelas várias entidades e poderá sair a qualquer momento, adiantou.
Por isso, uma ida de altos responsáveis da CPLP a Bissau, que esteve inicialmente prevista pela presidência de Cabo Verde, país que tem agora a presidência rotativa da CPLP, não se irá efetivar, garantiu.
Porém, acrescentou: “logo que estejam reunidas as condições a visita efetuar-se-á”.
Quanto, a uma possibilidade de a CPLP vir a ter nova representação permanente naquele país, o diplomata considerou que “neste momento não estão reunidas as condições, quer políticas quer financeiras”, para que tal aconteça.
A Guiné-Bissau está a viver um novo impasse político, que teve início com a eleição dos membros da mesa da Assembleia Nacional Popular.
Depois de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a votação, mas que foi recusa pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
Em declarações à imprensa, o Presidente guineense justificou o atraso na nomeação do primeiro-ministro com a falta de entendimento.
“Não temos primeiro-ministro até hoje, porque ainda temos esperança que haja um entendimento entre partidos políticos na constituição da mesa da Assembleia e porque o Governo é da emanação da Assembleia”, disse.
Na semana passada, as juventudes dos partidos com maioria parlamentar também saíram à rua a exigir a nomeação do futuro primeiro-ministro.